Sem apoio do partido, premiê italiano anuncia renúncia
Enrico Letta ficou menos de um ano no cargo. Novo líder do Partido Democrático, Matteo Renzi, deve assumir seu lugar
O primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, anunciou nesta quinta-feira que vai deixar o cargo, menos de um ano depois de assumir o posto. Letta vinha sendo alvo de críticas dentro do seu próprio partido em relação ao seu desempenho e sua capacidade de liderar as reformas no país, que vive a maior crise econômica desde o final da II Guerra Mundial.
Ao anunciar a decisão, Letta disse que ela segue a orientação do seu Partido Democrático, que lidera a coalizão que sustenta o governo. A saída do premiê deverá abrir caminho para sua substituição pelo novo líder da legenda, Matteo Renzi. A renúncia deve ser entregue nesta sexta-feira ao presidente Giorgio Napolitano.
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Ao ser nomeado primeiro-ministro por Napolitano, em abril do ano passado, Letta, de 46 anos, já era o mais jovem a ocupar o cargo desde 1987. Agora deverá ser substituído por um político ainda mais jovem, de 39 anos, prefeito de Florença que nunca disputou uma eleição em nível nacional.
O sucessor de Letta será o terceiro premiê consecutivo a chegar ao cargo sem votos, depois do tecnocrata Mario Monti – que assumiu depois da renúncia de Silvio Berlusconi – e do próprio Letta, indicado após semanas de infrutíferas discussões entre partidos rivais. Realizar eleições na Itália, no entanto, é uma tarefa que terá de esperar. A Justiça revogou trechos da legislação eleitoral considerados inconstitucionais, e o governo está incumbido de escrever uma nova lei.
Designado a montar um ministério com credibilidade internacional semelhante à do gabinete “técnico” de Mario Monti, que conseguiu afastar o país do abismo, e a também conseguir sustentação nacional, o governo de Letta acabou na inação, em parte devido à instabilidade da coalizão que foi formada depois das inconclusivas eleições realizadas em fevereiro do ano passado.
A mudança de comando é mais um obstáculo para a terceira maior economia da zona do euro, que vive crises políticas recorrentes e sofre com seus arranjos políticos, que dificultam a formação e a estabilidade de qualquer administração. Desde 1946, o país teve mais de sessenta governos diferentes.
(Com agência Reuters)