Nova Délhi, 8 fev (EFE).- Integrantes do partido do deposto presidente maldivo, Mohamed Nashid, travaram um intenso confronto nesta quarta-feira com as forças de segurança, a qual é acusada de perpetrar um golpe contra o Governo legítimo do país.
‘Começamos uma manifestação pacífica na capital (Malé), mas dezenas de policiais nos abordaram na National Square e só houve confrontos porque usaram uma força excessiva para nos separar’, disse à agência Efe o ex-ministro de Recursos Humanos, Hassan Lathif.
Segundo a fonte, a passeata reuniu ‘milhares de integrantes do MDP (Partido Democrático Maldivo, de Nashid)’, incluindo inúmeros ex-ministros e parlamentares.
Pelo menos dois deputados do MDP foram detidos e outros ficaram feridos devido à ação policial, que, segundo Lathif, teria usado bombas e gás lacrimogêneo.
De acordo com o portal ‘Minivan’, as forças de segurança reforçaram visivelmente os controles nas ruas de Malé.
Na última terça-feira, o ex-presidente Nashid se viu obrigado a renunciar ao cargo por conta de uma rebelião liderada pela Polícia, que uniu a oposição para desbancar o político que foi o primeiro Executivo eleito em uma eleição multipartidária.
O novo presidente do país e também antigo vice, Mohammed Waheed, assegurou nesta quarta-feira que trabalha para formar um ‘Governo de unidade’ com diversos partidos. Segundo Waheed, uma das principais prioridades de seu Governo ‘é a restauração da confiança nas instituições democráticas’.
Integrantes do MDP acusam Maumun Abdul Gayum, presidente do país por quase 30 anos, de ter manobrado junto aos grupos conservadores islamitas para derrubar Nashid.
‘Vejo muitas razões para afirmar que Gayum está por trás do golpe contra o Governo constitucional de Nashid’, afirmou o ex-ministro Lathif, que acrescentou que a rebelião teve o apoio de ‘grupos islamitas cujas reivindicações não foram ouvidas pelo Governo’.
O arquipélago do Índico vivia uma crise institucional desde as primeiras eleições presidenciais multipartidárias do país, realizadas em outubro de 2008. Nesta ocasião, o pleito acabou com quase três décadas do Governo autocrático de Gayum.
A situação acabou se agravando há três semanas com a prisão, a pedido do Governo, de um magistrado que considerou como ‘ilegal’ a detenção de integrantes da oposição que, entre outras coisas, acusavam o presidente Nashid de promover o vício e o cristianismo.
O arquipélago das Maldivas, com seus 345 mil habitantes, é considerado o país islâmico menos povoado. O país é composto por 1,19 mil ilhas, sendo que só 198 estão habitadas. EFE