Scotland Yard denuncia cultura de subornos no ‘The Sun’
Jornalista investigado chegou a gastar mais de 400.000 reais em propina
Uma alta funcionária da Scotland Yard, a polícia metropolitana de Londres, afirmou nesta segunda-feira que o tabloide inglês The Sun alimenta uma ampla cultura de pagamentos ilegais em troca de informação. Sue Akers, subcomissária adjunta, prestou depoimento à comissão que investiga os padrões éticos da imprensa britânica.
Entenda o caso
- • O tabloide News of the World recorria a detetives e escutas telefônicas em busca de notícias exclusivas – entre as vítimas estão celebridades, políticos, membros da família real e até parentes de soldados mortos.
- • Policiais da Scotland Yard também teriam sido subornados para fornecer informações em primeira mão aos jornalistas.
- • O escândalo forçou o fechamento do jornal sensacionalista, que circulou por 168 anos e era um dos veículos do grupo News Corp., do magnata Rupert Murdoch.
- • Agora, a polícia investiga uso de grampos ilegais em outros jornais britânicos.
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Sue, que investiga pagamentos feitos a agentes das forças de segurança, explicou que suas apurações sugerem que o suborno é uma prática habitual no jornal, que pertence ao conglomerado midiático News Corp., do magnata Rupert Murdoch. Após as declarações da subcomissária, o empresário afirmou em comunicado que essa prática ficou no passado e já não é mais feita.
A subcomissária compareceu à comissão presidida pelo juiz Lord Brian Leveson, que investiga a conduta ética da imprensa do país. A investigação foi aberta em novembro de 2011 devido ao escândalo do tabloide dominical The News of the World, que pertencia à News International – braço britânico da News Corp. O jornal, que circulou por 168 anos, realizava escutas telefônicas ilegais e subornava autoridades para obter informações exclusivas.
Rotina – Em seu depoimento, a agente explicou que os pagamentos feitos por jornalistas do The Sun a suas fontes não são casos isolados, mas frequentes. A polícia prendeu dez jornalistas em altos cargos do jornal por suspeita de pagamentos ilegais feitos a funcionários públicos. Todos pagaram fiança e estão em liberdade. Policiais e funcionários públicos que receberam suborno também foram detidos.
De acordo com a subcomissária, um dos jornalistas investigados chegou a receber, ao longo de vários anos, 178.500 euros (mais de 400.000 reais) como orçamento para pagamentos de fontes do jornal. Outro funcionário direcionou 95.200 euros (217.000 reais) para o mesmo fim.
“Nossa investigação sugere que propinas eram pagas a funcionários públicos de todas as áreas”, disse Sue. “Os jornalistas pareciam bem conscientes de que faziam algo ilegal”, completou. A maioria das notícias obtidas através desse método eram fofocas, segundo a funcionária da Scotland Yard. “Não eram matérias que poderiam ser consideradas de interesse público”, enfatizou.
(Com agência EFE)