Saiba como uma palavra quase arruinou o Acordo de Paris
A resolução só foi aprovada após uma manobra diplomática, que extraiu a palavra problemática
O Acordo de Paris estava a algumas horas de ser fechado quando uma pequena falha no texto quase pôs tudo a perder. Alguém mudou uma única palavra no projeto – de “deveria” para “deve” – e a diplomacia teve de agir para garantir que a Conferência do Clima (COP21) terminasse com uma resolução.
Segundo o jornal americano The Washington Post, o secretário de Estado americano John Kerry telefonou para o Ministro de Relações Exteriores francês e presidente da COP21, Laurent Fabius, irritado com a revisão que implicava enormes novas obrigações legais e financeiras. “Nós não podemos fazer isso”, avisou Kerry.
Menos de quatro horas depois, o histórico acordo foi aprovado. A diplomacia conseguiu substituir a palavra problemática – deve – e Fabius bateu seu martelo no púlpito. Uma longa salva de palmas tomou conta da sala de conferências, seis anos após o fiasco da COP15 de Copenhague, que fracassou em selar um acordo parecido.
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O Acordo de Paris, como foi chamado o documento final da 21ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), entrará em vigor em 2020. Ele prevê a criação de um fundo anual de 100 bilhões de dólares, financiado pelos países ricos, a partir de 2020, para manter o aquecimento global “bem abaixo de 2°C, com esforços contínuos para limitar o aumento em 1,5°C”.
Trata-se do primeiro acordo sobre clima desde a assinatura do Protocolo de Kyoto (1997) e o primeiro a ter um compromisso de todos os países, não apenas dos mais desenvolvidos, em relação à redução de emissões.
(Da redação)