Rússia troca combatentes ucranianos por maior aliado de Putin em Kiev
Troca de prisioneiros envolveu mais de 200 ucranianos e estrangeiros libertados por Moscou e outros 55 russos libertados por Kiev
O governo da Ucrânia informou nesta quinta-feira, 22, que realizou a maior troca de prisioneiros com a Rússia desde o início da guerra. O acordo ocorreu após mediação da Turquia, com negociações realizadas em estrito sigilo, e envolveu um proeminente aliado do residente russo, Vladimir Putin, em Kiev.
Segundo comunicado do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, Moscou libertou 215 prisioneiros, incluindo guardas de fronteira ucranianos, policiais, soldados e outros, além dos de combatentes do batalhão Azov, capturados em maio após o cerco de meses na siderúrgica Azovstal, em Mariupol.
Além dos ucranianos, dez estrangeiros, incluindo cinco britânicos e dois cidadãos dos Estados Unidos foram envolvidos na troca de prisioneiros. Os estrangeiros foram transferidos da Rússia para a Arábia Saudita na quarta-feira, 21, de acordo com informações do jornal britânico The Guardian.
Em troca, a Rússia recebeu 55 prisioneiros da Ucrânia, incluindo o ex-deputado ucraniano Viktor Medvedchuk, principal aliado de Putin em Kiev.
O líder do partido da oposição mais proeminente na Ucrânia foi detido em abril, ao tentar fugir de sua prisão domiciliar. O magnata, cuja filha é afilhada de Putin, estava cotado para assumir um eventual novo governo caso as tropas russas conseguissem derrubar o governo da Ucrânia.
Na época, Zelensky pediu à Rússia para trocar Medvedchuk por prisioneiros de guerra ucranianos, mas o Kremlin rejeitou a oferta. O líder ucraniano avaliou a negociação feita agora como um bom negócio.
“Não estou triste por trocar Medvedchuk por guerreiros de verdade. Ele passou por todos os procedimentos de investigação de acordo com a lei e a Ucrânia conseguiu dele tudo o que precisa para determinar a verdade”, disse ele.
As notícias da troca surgiram apenas um dia depois que o presidente russo anunciou, em raro discurso televisionado, o recrutamento de mais de 300 mil novos soldados e ameaçou uso de armas nucleares contra países do Ocidente.
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Zelensky disse que cinco comandantes militares, incluindo os do regimento Azov, permanecerão na Turquia “em total segurança e em condições confortáveis” até o final da guerra. Os membro do batalhão se tornaram heróis nacionais, após resistirem a um cerco de quase três meses na região de Mariupol, no leste do país.
Na Rússia, no entanto, os soldados do regimento foram classificados como “terroristas” pelo mais alto tribunal em agosto. A unidade militar, que integra a Guarda Nacional ucraniana, foi criticada por sua origem ultranacionalista e por exibir símbolos nazistas.
A embaixada da Rússia na Grã-Bretanha tuitou em julho que os combatentes deveriam ser enforcados. “Eles merecem uma morte humilhante”, dizia. Os russos agora estão lutando para explicar por que os combatentes foram libertados.