Rússia indicia os 30 ativistas do Greenpeace por pirataria
Justiça do país decidiu acusar todo o grupo que organizou protesto no Ártico, incluindo brasileira
A justiça russa anunciou nesta quinta-feira que resolveu indiciar por pirataria os trinta ativistas do Greenpeace que participaram de um protesto contra a exploração de petróleo no Ártico, em 19 de setembro. A manifestação resultou na prisão de todo o grupo, do qual fazia parte a bióloga brasileira Ana Paula Maciel.
Ana Paula e outros treze ativistas haviam sido indiciados na quarta-feira. Nesta quinta foi a vez dos dezesseis restantes. Segundo o comitê de investigação montado pela Rússia para apurar o caso, “os acusados não reconhecem sua culpa e se negam a testemunhar”.
Os membros da tripulação, quatro russos e 26 estrangeiros de 17 países, seguem detidos em Murmansk e proximidades, no noroeste da Rússia. Todos estavam no barco Arctic Sunrise, que navegava pelo mar de Barents (Ártico russo). Vários ativistas tentaram escalar uma plataforma petroleira da empresa russa Gazprom para denunciar a exploração de petróleo no Ártico, antes de serem detidos por patrulha.
Crime – Na Rússia, o crime de pirataria pode ser punido com uma pena de entre dez e quinze anos de prisão. O presidente russo Vladimir Putin chegou a afirmar na semana passada que reconhecia que os militantes não são piratas, mas disse que eles violaram “as normas da lei internacional”. Após as declarações, o comitê de investigação informou que as acusações poderiam ser reduzidas durante a investigação.
Contudo, um porta-voz do Kremlin advertiu na quarta-feira à noite que Putin expressou “sua opinião pessoal”, mas que ele “não é nem investigador, nem procurador, nem juiz, nem advogado”.
Repercussão – Kumi Naidoo, diretor executivo do Greenpeace International, denunciou uma decisão “irracional, que pretende intimidar e silenciar” a organização.
Segundo a ONG, cerca de 800 000 pessoas, mais de 100 ONGs e personalidades como o ator britânico Ewan MacGregor e o cantor russo Iuri Chevtchuk assinaram um pedido para a libertação dos ativistas.
Os advogados dos 30 militantes apresentaram um recurso contra a detenção, indicou um porta-voz do tribunal Leninski de Murmansk. O governo brasileiro anunciou na terça-feira que instruiu o embaixador do país em Moscou, Fernando Mello Barreto, a assinar uma carta de garantia que “deverá contribuir para o encaminhamento positivo do caso”.
(Com agências France-Presse e Reuters)