O governo russo está procurando novos recrutas para lutar na guerra da Ucrânia devido ao grande número de baixas desde o início do confronto, em 24 de fevereiro. A mensagem tem sido amplamente divulgada nas redes sociais, na televisão e em outdoors, chamando homens para assinar um contrato curto com os militares.
“Dois batalhões de artilharia voluntários estão sendo formados. Convidamos homens de 18 a 60 anos a se juntarem”, avisam os alto-falantes em cidades próximas a São Petersburgo.
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A Rússia não oferece números oficiais, mas de acordo com levantamentos feitos por autoridades ocidentais, cerca de 70.000 a 80.000 soldados russos foram mortos ou feridos desde o início do conflito, há quase seis meses. Para conseguir novos recrutas, são oferecidas grandes quantias de dinheiro, terrenos e até mesmo vagas para seus filhos em escolas do país.
O esforço é tamanho que até prisioneiros estão sendo procurados. Segundo reportagem feita pela CNN, por meio de uma empresa militar privada, o governo russo tem oferecido contratos àqueles que estiverem dispostos a lutar na guerra em troca de diminuição da pena ou dinheiro.
“Eles aceitarão assassinos, mas não estupradores, pedófilos, extremistas ou terroristas. A anistia ou o perdão em seis meses estão em oferta. Alguns falam em 100.000 rublos por mês, outros 200.000. Tudo é diferente”, disse um dos condenados de maneira anônima. Para efeito de comparação, um pagamento de 100.000 rublos é equivalente a cerca de 8.000 reais.
Aqueles que aceitam a oferta são retirados da prisão e levados aos locais de treinamento, deixando seus familiares sem notícias. De acordo com ativistas dos direitos humanos que trabalham nas penitenciárias russas, houve uma série de relatos de parentes procurando por detentos em toda a Rússia desde o início de julho.
Apesar das promessas, crescem os relatos de recrutas que não receberam o pagamento prometido quando retornam da Ucrânia. À rede BBC, a mãe de um dos homens que aceitou o contrato disse que eles são enviados como bucha de canhão apenas para fazer volume e não recebem o treinamento necessário para entrar em um campo de batalha.
As opções de combatentes têm se tornado cada vez mais escassas para a Rússia ao longo de quase seis meses de guerra. Anteriormente, o presidente Vladimir Putin havia dito que não existia nenhuma mobilização de recrutas para a guerra, embora o ministério da Defesa tenha admitido mais tarde que precisou retirar alguns deles da linha de frente e que suas implementações foram um erro.
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No começo de agosto, o ministro da Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, compartilhou uma análise de agências ocidentais de que a Rússia estaria fracassando em seus objetivos na guerra contra a Ucrânia. Pouco antes, durante o Fórum de Segurança de Aspen, Richard Moore, chefe do serviço de inteligência (MI6), também havia apontado que Moscou está “prestes a perder força” no conflito.
“Nossa avaliação é que os russos terão cada vez mais dificuldade em fornecer suprimentos às tropas nas próximas semanas. Eles terão que fazer uma pausa e isso dará aos ucranianos oportunidades de contra-atacar”, disse Moore.