Republicanos têm Superterça atípica, sem definir candidato
Processo simultâneo em 10 estados é historicamente importante, mas, desta vez, deve só acentuar ainda mais a divisão interna que se observa no partido

“Romney certamente se mantém como o líder da corrida republicana, mas um líder fraco.”
Allan Lichtman, professor de história da Universidade Americana
Nesta terça-feira, 10 estados americanos realizam simultaneamente eleições prévias do Partido Republicano para escolher o candidato que enfrentará Barack Obama nas eleições presidenciais dos EUA, em novembro. É a chamada Superterça, data em que estão em jogo um terço dos delegados necessários para se conquistar a nomeação – 466 do total de 1.144. Por isso, historicamente, quem se sai melhor neste dia desponta como o favorito para a corrida à Casa Branca. Esse foi o perfil das duas últimas eleições: em 2000, George W. Bush conquistou um resultado arrasador na Superterça, escanteando de vez o concorrente John McCain, que teve, por sua vez, um ótimo desempenho em 2008, quando disputou a Presidência.
Infográfico: Os republicanos que querem o lugar de Barack Obama
Este ano, porém, a Superterça será atípica, preveem especialistas, e não deve afunilar a disputa republicana – pelo contrário. “Eu duvido que seja definido o nomeado republicano desta vez. As vitórias serão divididas entre os candidatos”, disse ao site de VEJA Thomas Mann, especialista em política americana da Instituto Brookings. Segundo ele, o panorama mais provável é o que vem se desenhando desde o início das primárias: uma briga entre o moderado Mitt Romney e o conservador Rick Santorum, os dois mais bem colocados até o momento. O ex-governador de Massachusetts deve vencer na maioria dos estados, mas por uma vantagem muito pequena, como aliás tem sido até agora. Já o ex-senador pode levar a melhor em um número menor de estados, mas com uma grande importância, como Oklahoma, Tennessee e o industrial Ohio, considerado chave. Além disso, o processo com mais delegados em jogo, 77 na Geórgia, ainda deve ficar com Newt Gingrich.
Confira, no mapa abaixo, como se configura a Superterça do Partido Republicano:

Indecisão – Diante de tantas previsões incertas, o que se pode dizer com certeza é: Romney deve, sim, manter-se à frente na corrida eleitoral, mas ainda está distante de ser unanimidade dentro do partido. “Ele certamente se mantém como o líder da corrida republicana, mas um líder fraco”, destaca Allan Lichtman, professor de história da Universidade Americana, em Washington. Para ele, a luta do ex-governador para conquistar a confiança dos republicanos mais conservadores ainda não foi vencida – nem deve ser. “Não importa o quão à direita ele leve sua retórica e suas políticas, os conservadores ainda não acreditam nele”, afirma Lichtman. Já o problema de Santorum é não conseguir convencê-los de que tem chances reais de vencer Obama quando o embate de verdade começar.
Assim, o único cenário que se mostra realmente imutável até o momento é a divisão interna do Partido Republicano, que ainda não se uniu em torno de um único nome para levar à Presidência dos EUA, o que enfraquece todo o grupo, como ressalta Darrell West, diretor dos estudos de governo da Brookings Institution: “Nem os eleitores republicanos estão satisfeitos com as escolhas que têm este ano. E essa falta de entusiasmo afeta a capacidade do partido de derrotar Obama”.