República Checa decreta luto de três dias pela morte de Vaclav Havel, líder da redemocratização
Morto no domingo, ex-presidente liderou a revolução que derrubou o regime comunista na Checoslováquia em 1989; enterro será na sexta-feira
A República Checa decretou nesta segunda-feira três dias de luto nacional pela morte do escritor, dramaturgo e ex-presidente Vaclav Havel, que morreu no último domingo, aos 75 anos, em sua casa de campo. O luto oficial começa na quarta-feira e vai até sexta-feira, quando o antigo líder será enterrado, informou o primeiro-ministro Petr Necas.
Antes do enterro de Havel será realizado um funeral de estado. A cerimônia está marcada para o meio-dia (9 horas de Brasília) de sexta, na catedral São Vito, no Castelo de Praga (sede da presidência). São esperados representantes de vários países estrangeiros, entre os quais a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e seu marido, o ex-presidente Bill Clinton.
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Havel foi vítima de falência circulatória causada por problemas de saúde de longa data, em parte causados pelo tempo que passou na prisão durante o antigo regime comunista. Ele foi presidente da Checoslováquia de 1989 a 1992 e, posteriormente, da República Checa, de 1993 a 2003. Embora esperada, sua morte foi recebida com muita dor por parte da população, uma vez que o Havel é um dos principais responsáveis pela volta do país à democracia.
Antes de se tornar presidente, o dramaturgo – um dissidente do regime comunista, na órbita de influência da antiga União Soviética – liderou sua nação na pacífica Revolução de Veludo, de 1989. O movimento derrubou o governo comunista na Checoslováquia e, em 1993, o país foi dividido em República Checa e Eslováquia.
Homenagens – O caixão com os restos mortais de Havel está exposto ao público em uma antiga igreja do centro de Praga, sede da fundação Visão 97, criada por ele. Na quarta-feira será transferido ao Castelo de Praga. Milhares de pessoas assinaram o livro de condolências, depois de um dia de procissões com velas em todo o país.
Após a grande concentração de pessoas no último fim de semana, a Praça Wenceslao voltou a ser ocupada pela população em uma demonstração de grande apreço pelo antigo líder. Na Avenida Nacional, diante de um monumento que homenageia a Revolução de Veludo, muitas pessoas também se reuniram para homenagear Havel.
Sob a supervisão de sua mulher, Dagmar, e de mais duas freiras, os restos mortais do dramaturgo foram encaminhados para uma cerimônia de cremação pouco antes do meio-dia desta segunda. Durante estes últimos meses, Havel estava sendo acompanhado por várias freiras e, inclusive, chegou a receber uma visita do arcebispo Dominik Duka.
O arcebispo, que nos anos de dissidência conviveu com Havel na prisão, lamentou a morte do amigo. “As palavras de nossa última conversa são válidas. Não estou bem, mas sabemos quem ele foi”, disse o checo com agradecimento ao ex-líder.
(Com agências EFE e France-Presse)