Repressão na Síria provoca mais 16 mortes
Tropas leais ao ditador Assad atacam a cidade de Ksir, na província de Homs. Presidente da Liga Síria de Direitos Humanos é preso
O regime sírio promoveu, nesta quinta-feira, mais um ataque sangrento a opositores, com a morte de pelo menos 16 pessoas, a maioria na província de Homs, no centro do país. A informação foi fornecida por um porta-voz do grupo opositor sírio Comitês de Coordenação Local, Hozam Ibrahim. O massacre aconteceu apesar das promessas de mudança e do aumento da pressão internacional.
A ofensiva ficou concentrada na cidade de Ksir, na província de Homs, onde as forças de segurança mataram 12 pessoas, entre elas uma mulher e seu filho, além de deixar dezenas de feridos. Na saída, as tropas leais ao governo deixaram mensagens nos muros de apoio a Assad e ameaças à população.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março para protestar contra o regime de Bashar Assad, no poder há 11 anos
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança do ditador, que já mataram mais de 1.400 pessoas no país, de acordo com a ONU
- • Tentando escapar dos confrontos, milhares de sírios cruzaram a fronteira e foram buscar refúgio na vizinha Turquia
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“As tropas do Exército cercaram todos os acessos a Ksir para facilitar a entrada na cidade das forças de segurança, que dispararam indiscriminadamente”, denunciou Ibrahim. O ativista declarou que este ataque faz parte da campanha realizada pelo regime de Assad “de aldeia em aldeia para pôr fim às manifestações”, que começaram no mês de março.
No bairro de Baba Amro, também em Homs, onde na quarta-feira morreram pelo menos 18 pessoas, vários civis ficaram feridos e diversas construções foram queimadas pelas forças de segurança. Além da província de Homs, a ofensiva das forças de segurança deixou três vítimas em Deir ez Zor e uma em Latakia.
Ativista preso – Abdel Karim Rihaui, presidente do grupo de oposição Liga Síria de Direitos Humanos, foi detido nesta quinta-feira à tarde em um café de Damasco, disseram vários militantes, acrescentando que não têm notícias dele desde sua prisão. O Observatório Sírio de Direitos Humanos confirmou a informação.
Segundo testemunhas, a detenção ocorreu às 15h00 locais (09h00 de Brasília) no café Havana da capital síria. Rihaui, de 43 anos, dirige a Liga Síria de Direitos Humanos desde 2004 e nunca havia sido detido. Desde o começo da revolta popular contra o regime do ditador Bashar Assad, o ativista e sua rede de militantes espalhados peloa país se tornaram uma fonte importante de informações para a imprensa estrangeira, impedida de circular pelo país.
O número de opositores presos pelo regime já totaliza 300. Segundo os Comitês de Coordenação Local denunciaram que os detidos são torturados durante os interrogatórios e que essas agressões causaram a morte de nove deles nos últimos dez dias, um número que se eleva para 65 o total de casos desde o início dos protestos.
(Com agência France-Presse e EFE)