Refugiados ucranianos são retirados da cidade sitiada de Mariupol
Após operação para resgatar civis na siderúrgica de Azovstal no domingo, novas evacuações se concentram em outras partes da cidade destruída
Um assessor da prefeitura da cidade de Mariupol, na Ucrânia, Petro Andriushchenko, afirmou que um comboio de ônibus transportando civis deixou a área tomada pelo exército russo nesta segunda-feira, 2.
As cerca de 100 pessoas a bordo dos ônibus não eram da siderúrgica Azovstal, ao contrário da operação realizada na véspera, com destino a Zaporizhzhia, cidade ainda controlada pela Ucrânia. Um número desconhecido de civis e combatentes permanecem presos nas imediações da fábrica.
“De acordo com nossas informações, os ônibus saíram de Mariupol. Segundo o acordo preliminar, os ônibus vão pegar as pessoas na vila de Mangush e Berdyansk”, disse Andriushchenko, acrescentando que refugiados podem se juntar ao comboio em seus próprios meios de transporte.
“Esperamos que milhares de nossos moradores de Mariupol que ficaram presos no caminho de Mariupol para Zaporizhzhia cheguem hoje à noite ou amanhã de manhã.”
No entanto, a retirada de civis da região tem se mostrado mais complexa que o esperado. De acordo com Andriushchenko, no domingo 1 a Rússia retomou o bombardeio da siderúrgica Azovstal assim que os ônibus que retiraram os civis da usina partiram, em um esforço liderado pela Cruz Vermelha e pelas Nações Unidas e coordenado com a Rússia e a Ucrânia.
+ Em Mariupol, comandante ucraniano diz que suas tropas vivem ‘últimos dias’
Mariupol, cenário dos combates mais pesados da guerra na Ucrânia até agora, está em grande parte nas mãos dos russos. A cidade é considerada um alvo importante para Vladimir Putin, por causa de sua localização estratégica perto da Península da Crimeia, que a Rússia anexou em 2014. A rede de bunkers e túneis em Azovstal forneceu abrigo para civis e militares após semanas de ataques.
Um grupo que saiu da usina sitiada já chegou à vila de Bezimenne, em território controlado pelos russos na Ucrânia. Em uma entrevista à imprensa internacional, Natalia Usmanova, uma funcionária de Azovstal, descreveu o terror do cerco durante bombardeios russos.
“Quando o bunker começou a tremer, fiquei histérica, meu marido pode atestar isso. Eu fiquei tão preocupada, achei que o bunker fosse desabar”, disse Usmanova.
Estima-se que cerca de 100.000 pessoas ainda podem estar em Mariupol, incluindo até 1.000 civis e cerca de 2.000 militares ucranianos só na usina. Segundo o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), mais de 5,5 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde a invasão da Rússia, em 24 de fevereiro.