Rebeldes xiitas mantêm presidente ‘prisioneiro’ em casa
Residência e palácio presidencial em Saana foram invadidos na terça-feira
Os rebeldes xiitas houthis que invadiram a residência do presidente Abd-Rabbu Mansour Hadi o mantêm como “prisioneiro” dentro de casa. Segundo auxiliares da Presidência do Iêmen, Hadi está impedido de sair desde que os rebeldes expulsaram os guardas oficiais e os substituíram por seus próprios combatentes. Os houthis também atacaram o palácio presidencial e afirmam ter tomado a principal base de lançamento de mísseis balísticos na capital Sanaa.
O primeiro-ministro, Khaled Bahah, conseguiu sair de sua casa e ir para um “local seguro”, informou o porta-voz da presidência Rageh Badi a um canal pan-árabe pago. A residência, que fica no interior do palácio presidencial, estava sitiada desde ontem.
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As fronteiras do Iêmen foram fechadas por tempo indeterminado nesta quarta, segundo a imprensa local. O principal órgão de segurança da cidade portuária de Aden afirmou que a medida era necessária devido aos “perigosos desdobramentos na capital” e às ameaças ao presidente, informou a rede britânica BBC.
Pronunciamento – Hadi não aparece em público desde os confrontos de terça-feira, mas o chefe do movimento houthi, Abdul Malik al-Houthi, fez um pronunciamento transmitido pela TV acusando o presidente e outras lideranças do país de ignorarem os interesses da minoria. Afirmou ainda que o Iêmen atingiu um momento “crítico”.
Ele pediu ao presidente que convoque eleições antecipadas e também realize eleições parlamentares. Exigiu ainda o cancelamento das sanções impostas pelo Conselho de Segurança contra ele e outros dois chefes houthis no ano passado por terem “prejudicado” a transição no país. Saleh recebeu imunidade judicial em 2012 em troca da renúncia ao poder, num acordo intermediado por países árabes do Golfo Pérsico e apoiado pelo Ocidente.
O Conselho de Segurança da ONU divulgou uma declaração assinada pelos quinze membros reafirmando que o presidente Hadi é a “autoridade legítima” do Iêmen.
Militares – O colapso dos poderes de Hadi tem raízes nas Forças Armadas do país, divididas entre o atual presidente e seu antecessor, Ali Abdullah Saleh, que deixou o poder durante a revolta de 2011. Ele é apontado como responsável por orquestrar a tomada de Sanaa pelos rebeldes. Críticos dizem também que os houthis têm o apoio do Irã – o que o movimento nega.
Os houtis pertencem a uma subdivisão xiita conhecida como Zaidismo. Eles reivindicam, desde 2004, mais autonomia para a província de Saada, no norte do país.
(Com Estadão Conteúdo)