O Comando de Operações Militares, uma coalizão de rebeldes sírios, disse ter tomado a cidade de Aleppo, a segunda maior da Síria, nesta sexta-feira, 29. Na véspera, ao menos 15 pessoas, incluindo seis crianças, foram mortas e outras 36 ficaram feridas em ataques dos militantes a Aleppo e Idlib, segundo o grupo de resgates voluntário Capacetes Brancos. A ofensiva foi iniciada nesta quarta-feira pelo grupo armado Hay’at Tahrir al-Sham (HTS).
Em anúncio, a coalizão afirmou que assumiu o controle do Centro de Pesquisa Científica Militar, do governo, após “intensos confrontos com as forças do regime e milícias iranianas”. É a primeira vez que a cidade é ocupada desde que foi recapturada em 2016, sendo também o primeiro conflito proeminente em anos entre a oposição e a administração do presidente Bashar al-Assad.
Após o comunicado rebelde, o governo sírio afirmou que “organizações terroristas” lançaram “um grande ataque”, com drones e armas pesadas, a Aleppo. Ao mesmo tempo, o Exército da Síria informou que estava “reforçando todos os locais ao longo das várias frentes de batalha”. Entre os mortos na escalada de violência, está o brigadeiro-general do Corpo de Guardas da Revolução Islâmica (IRGC), Kioumars Pourhashemi, de acordo com a mídia estatal iraniana.
Ainda na quinta-feira, um projétil de artilharia atingiu o segundo andar do alojamento da Universidade de Aleppo, informou a agência de notícias estatal da Síria, SANA, que atribuiu autoria ao Comando. Quatro pessoas foram mortas no ataque. Em contrapartida, o porta-voz dos rebeldes, Hassan Abdulghani negou as acusações, definidas como “mentiras infundadas”. Um funcionário da faculdade confirmou à emissora americana CNN que o dormitório foi atacado, com estudantes dentro.
+ Bashar al-Assad realiza maior ofensiva contra rebeldes na Síria desde 2020
Envolvimento internacional
Em meio ao aumento da tensão na região, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, acusou os Estados Unidos e Israel de “reativação” dos rebeldes e “enfatizou o apoio contínuo” ao regime da Síria. Somando-se ao coro, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, apelou às autoridades sírias que “restabelecessem rapidamente a ordem nesta área e restaurassem a ordem constitucional”. Ambos os países são importantes aliados de Damasco.
A guerra civil da Síria teve início na Primavera Árabe, em 2011, quando o regime reprimiu uma revolta pró-democracia contra Assad. Com isso, uma força rebelde, o Exército Sírio Livre, foi formada para combater tropas do regime ditatorial. O confronto foi agravado pelo envolvimento da Arábia Saudita, Irã, Turquia, EUA e Rússia nos embates. Com o acordo de cessar-fogo de 2020, o conflito foi abrandado, com registros apenas de combates de baixo nível entre os militantes e os soldados das forças armadas.