Rebeldes renunciam às armas na República Democrática do Congo
Insurgentes do grupo M23 disseram que buscarão resolver a crise no país através de “meios políticos”. Organização teria sofrido dura derrota militar
Os rebeldes do grupo armado M23 abdicaram da luta armada contra o governo da República Democrática do Congo (RDC) nesta terça-feira. Segundo a rede BBC, os insurgentes emitiram um comunicado explicando que buscarão resolver a crise no país através de “meios puramente políticos”. As autoridades congolesas informaram que os líderes rebeldes fugiram rapidamente do país, enquanto outros membros da organização se renderam. O Exército declarou que agora perseguirá outros grupos rebeldes, como a milícia ruandesa Hutu FDLR, que substituiu o M23 no topo da lista de insurgentes mais temidos no país.
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Responsável por apresentar o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo, segundo ranking divulgado pela ONU neste ano, a RDC mergulhou em conflitos internos em abril de 2012, quando soldados do Exército congolês desertaram e formaram o M23, sob a justificativa de que o governo não havia respeitado plenamente um acordo de paz de março de 2009 – segundo o qual o movimento rebelde se tornaria um partido político – e em resposta a um chamado de rebelião do general Bosco Ntaganda, que foi indiciado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes contra a humanidade e crimes de guerra. A capital da região de Kivu do Norte, Goma, chegou a ficar sob o poder dos rebeldes durante onze dias, período marcado por uma série de abusos de direitos humanos.
As autoridades calculam que aproximadamente 800 000 pessoas fugiram da RDC devido ao conflito travado entre o governo e o M23. Apesar de darem uma justificativa política para a renúncia às armas, os insurgentes fizeram o anúncio após uma dura derrota militar para as forças de segurança do país. O Exército congolês lançou recentemente uma ofensiva contra os rebeldes e dominaram o último grande reduto do M23, localizado na cidade de Bunagana, em 25 de outubro. Além disso, um acordo entre líderes africanos firmado na segunda-feira determinou que o M23 deveria fazer “uma declaração pública de renúncia à rebelião” para permitir a assinatura de um acordo de paz com o governo.
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“Estamos conversando agora para conseguir a rendição de outros grupos armados, porque se eles não quiserem abdicar da rebelião, nós iremos desarmá-los à força”, declarou o porta-voz do Exército, coronel Olivier Hamuli, à BBC. “Esta foi uma grande vitória para a população congolesa, mas o mais importante é acordar a paz”, acrescentou. Outras facções rebeldes que apresentam ameaças ao governo estão localizadas nas províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul. “Não há mais espaço nesse país para grupos irregulares”, sentenciou o ministro da Informação, Lambert Mende, à agência de notícias France-Presse.