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Quem são os líderes mundiais citados no vazamento de dados Pandora Papers

Investigação sobre paraísos fiscais revelou supostos segredos financeiros de políticos como Sebastián Piñera, do Chile, e rei Abdullah II, da Jordânia

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 4 out 2021, 10h46

Um vazamento de mais de 11,9 milhões de documentos confidenciais jogou luz sobre as fortunas secretas de algumas das pessoas mais influentes e conhecidas do mundo. Liderada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) com a participação de diversos veículos em 117 países e territórios, a investigação revelou neste domingo 3 que alguns líderes mundiais em atividade se beneficiaram do sistema offshore para esconder ativos em empresas e fundos sigilosos.

Chamada de Pandora Papers, a apuração se concentra nas finanças secretas de mais de 300 funcionários públicos, incluindo ministros, juízes, prefeitos e generais de mais de 90 países em todo o mundo. O trabalho envolveu 600 jornalistas, que examinaram 1,9 milhões de documentos confidenciais de 14 escritórios de advocacia especializados na abertura de empresas em paraísos fiscais como Panamá, Ilhas Virgens Britânicas e Bahamas.

Uma análise dos documentos identificou 956 empresas em paraísos fiscais ligadas a 336 políticos e funcionários públicos de alto nível. Entre os líderes em atividade citados, três chefes de Estado latino-americanos ativos se destacam: Guillermo Lasso, do Equador, Sebastián Piñera, do Chile, e Luis Abinader, da República Dominicana.

Lasso, um ex-empresário e banqueiro, supostamente deixou de usar uma entidade panamenha para fazer pagamentos mensais a seus parentes e começou a usar outra entidade no Dakota do Sul, nos Estados Unidos. O estado se tornou uma espécie de paraíso fiscal em igualdade com algumas jurisdições na Europa e no Caribe.

Enquanto isso, Piñera supostamente tinha negócios secretos nas Ilhas Virgens Britânicas, e Abinader e outros membros de sua família possuem uma entidade offshore no Panamá, de acordo com o vazamento.

Além disso, de acordo com o ICIJ, o círculo interno do primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, incluindo membros de seu gabinete e suas famílias, escondeu milhões de dólares em empresas e entidades fora do país. A investigação também revelou que o rei Abdullah II da Jordânia supostamente gastou 100 milhões de dólares em casas de luxo na Califórnia e em outros lugares.

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Os advogados do rei Abdullah II afirmaram que todas as propriedades foram compradas com sua fortuna pessoal. Eles argumentaram que é comum entre personalidades importantes comprar propriedades por meio de companhias offshore por motivos de privacidade e segurança.

O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, e seis familiares também são acusados de possuir secretamente pelo menos 11 empresas offshore, uma das quais foi avaliada em 30 milhões de dólares.

No Líbano, os Pandora Papers mostram que importantes figuras políticas e financeiras também adotaram o uso de paraísos offshore. Elas incluem o atual primeiro-ministro, Najib Mikati, e seu antecessor, Hassan Diab.

Parentes e sócios do presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev – há muito acusado de corrupção no país da Ásia Central -, teriam secretamente participado de negócios imobiliários no Reino Unido na casa das centenas de milhões.

Os documentos também mostram como o primeiro-ministro da República Tcheca, Andrej Babis, supostamente colocou 22 milhões de dólares em empresas fantasmas que foram usadas para financiar a compra de um castelo no sul da França. “Nunca fiz nada ilegal ou errado”, respondeu Babis em uam publicação no Twitter, que chamou as revelações de uma tentativa de difamação com o objetivo de influenciar a eleição.

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Os arquivos também incluem 11 ex-presidentes latino-americanos, entre eles o peruano Pedro Pablo Kuczynski; Porfirio Lobo, de Honduras; César Gaviria e Andrés Pastrana, da Colômbia; Horacio Cartes, do Paraguai; e Juan Carlos Varela, Ricardo Martinelli e Ernesto Pérez Balladares, do Panamá.

Foram descobertos ainda novos detalhes sobre os principais doadores estrangeiros ao Partido Conservador, do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson. Os arquivos também detalham atividades financeiras questionáveis do chamado “ministro não oficial de propaganda” do presidente da Rússia, Vladimir Putin.

O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair e sua esposa, Cherie Blair , também são citados. Eles supostamente adquiriram um edifício vitoriano em Londres, avaliado em 8,8 milhões de dólares, por meio da aquisição de uma empresa das Ilhas Virgens Britânicas registrada como proprietária legal do imóvel.

O ministro da economia brasileiro, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também aparecem no Pandora Papers. Ambos foram acusados pela investigação de criarem empresas em paraísos fiscais em segredo.

Na maioria dos países, não é ilegal ter ativos offshore ou usar empresas de fachada para fazer negócios além das fronteiras nacionais. Mas esse sistema geralmente é usado transferir lucros de países com impostos elevados, onde foram obtidos, para empresas que existem apenas no papel em jurisdições com impostos baixos.

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