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Quem é Ayman al-Zawahiri, o líder da Al-Qaeda morto pelos EUA

O líder era o segundo na lista dos 22 'terroristas mais procurados' pelos EUA após os atentados de 11 de setembro, atrás apenas de Bin Laden

Por Vitória Barreto
Atualizado em 2 ago 2022, 20h06 - Publicado em 2 ago 2022, 16h57

Apesar do nome desconhecido, Ayman al-Zawahiri, 71 anos, morto por um ataque de drone dos Estados Unidos no Afeganistão, no fim de semana, foi um dos principais orquestradores dos ataques de 11 de setembro de 2001. Na ocasião, quatro aviões civis foram sequestrados e jogados contra as torres gêmeas, em Nova York, o Pentágono e um campo na Pensilvânia, levando à morte de quase 3 mil pessoas.

Depois que Osama Bin Laden faleceu, em maio de 2011, Zawahiri tornou-se o líder da Al Qaeda, após anos como seu principal organizador e estrategista. 

No entanto, o terrorista era visto de maneira diferente por seus seguidores. Sua falta de carisma e competição com militantes rivais do Estado Islâmico não inspiraram, ao contrário de seu antecessor, tanta hostilidade contra o Ocidente.

Além disso, após a morte do líder original, ataques aéreos dos Estados Unidos mataram uma sucessão de deputados de Zawahiri, o que diminuiu a capacidade do veterano militante egípcio de se coordenar globalmente. As diversas revoltas árabes em 2011 – famosa Primavera –, contrárias a autocracias, também minaram seus esforços. 

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Apesar da reputação de personalidade inflexível e combativa, Zawahiri cultivou grupos afiliados em todo o mundo, que cresceram e criaram insurgências devastadoras. A violência desestabilizou vários países da Ásia, África e Oriente Médio.

Ainda assim, esta não era a antiga Al-Qaeda com rede hierárquica e centralizada de conspiradores, responsável pelos atentados de 11 de setembro. Os novos ataques terroristas tinham raízes em conflitos regionais, impulsionados por uma mistura de insatisfação pública e estímulo, através da internet, por redes jihadistas transnacionais.

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As origens de Zawahiri na militância islâmica remontam a décadas. Ele se envolveu no islamismo político ainda na escola e foi preso aos 15 anos por ser membro da Irmandade Muçulmana – a maior e mais antiga organização islâmica do Egito. Suas atividades políticas, no entanto, não o impediram de estudar medicina na faculdade de medicina da Universidade do Cairo, na qual se formou em 1974 e obteve mestrado em cirurgia quatro anos depois. 

Como Bin Laden, veio de família rica e cresceu em um bairro de classe alta no Cairo, pois era filho de um médico proeminente e neto de acadêmicos renomados. Seu avô, Rabi’a ​​al-Zawahiri, era um imã – sacerdote encarregado de dirigir as preces na mesquita – da Universidade al-Azhar, no Cairo. Seu tio-avô, Abdel Rahman Azzam, foi o primeiro secretário da Liga Árabe, organização multilateral de países árabes para cooperação política e econômica. 

O médico cirurgião passou boa parte dos seus 70 anos na militância radical, depois de entrar para a Irmandade Islâmica ainda na adolescência, e fundou o grupo terrorista Jihad Islâmica em 1979.

Depois de ser preso em 1985, por planejar um atentado ao então presidente egípcio Anuar Sadat, foi para Peshawar, no Paquistão, onde trabalhou como cirurgião tratando os combatentes que estavam envolvidos com as tropas soviéticas no Afeganistão. Foi lá que Zawahiri conheceu Bin Laden, então proeminente líder mujahedeen e que também deixou para trás uma educação privilegiada para se juntar à luta no Afeganistão. Os dois se tornaram amigos, ligados por seu vínculo comum como “árabes afegãos”.

Em 1998, os dois formaram a Frente Islâmica Mundial para a Jihad Contra os Judeus e os Cruzados – conhecida formalmente como Jihad Islâmica Egípcia e a Al-Qaeda. Na época, Zawahiri chegou a ser o médico pessoal de Bin Laden.

Juntos, assinaram uma fatwa, ou declaração: “O julgamento de matar e lutar contra americanos e seus aliados, sejam civis ou militares, é uma obrigação para todo muçulmano”. 

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Seis meses depois, dois ataques simultâneos destruíram as embaixadas dos Estados Unidos no Quênia e na Tanzânia, matando 223 pessoas. Zawahiri foi uma das figuras cujas conversas telefônicas via satélite foram usadas como prova de que Bin Laden e a Al-Qaeda estavam por trás do complô.

Em resposta, os Estados Unidos bombardearam os campos de treinamento do grupo no Afeganistão duas semanas após os ataques. No dia seguinte, Zawahiri telefonou para um jornalista paquistanês e disse: “Diga aos Estados Unidos que seus bombardeios, suas ameaças e seus atos de agressão não nos assustam. A guerra está apenas começando”. 

O próximo ataque foi o atentado ao navio da marinha americana USS Cole, no Iêmen, em outubro de 2000. Homens-bomba detonaram o barco, o que matou 17 marinheiros americanos e feriu outros 39. Apenas um ano depois, aconteceram os ataques de 11 de setembro.

Antes e depois das agressões, Zawahiri apareceu em vários vídeos e gravações de áudio incentivando investidas contra alvos ocidentais e pedindo que os muçulmanos apoiassem “sua causa”.

Alguns egípcios atribuíram a fúria de Zawahiri contra os Estados Unidos à suposta traição da CIA, que deixou o país cair em anarquia após os soviéticos deixarem o Afeganistão – fúria esta compartilhada por outros conterrâneos não terroristas. Outros acham que a ira do líder começou em 1998, quando autoridades americanas pressionaram pela extradição de vários membros egípcios da Jihad Islâmica da Albânia para serem julgados no Egito por terrorismo. Com a sua morte, espera-se que mais detalhes sobre sua vida venham à tona.

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