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Quarenta anos após Watergate, americanos continuam desconfiando do poder

Por Por Emmanuel Parisse e Michael Mathes
15 jun 2012, 16h25

Um roubo fracassado, uma fonte misteriosa apelidada de Garganta Profunda e microfones escondidos foram os principais componentes do caso Watergate, que abalou os Estados Unidos há 40 anos e é o motivo pelo qual os americanos desconfiam até hoje do poder político.

Em 17 de junho de 1972, dois jovens jornalistas do “The Washington Post”, Bob Woodward e Carl Bernstein, ficam sabendo de um roubo misterioso na sede do Partido Democrata, em um prédio chamado Watergate, em Washington.

Cinco homens são pegos com a mão na massa: este é apenas o começo do escândalo que derrubou o presidente republicano Richard Nixon, obrigado a renunciar em agosto de 1974.

Durante dois anos, Woodward e Bernstein montam o quebra-cabeça das revelações sobre o caso, em parte graças à fonte Garganta Profunda, o funcionário do FBI Mark Felt, revelado em 2005, três anos antes de morrer.

Felt não quer correr riscos e tem apenas encontros noturnos com Woodward em estacionamentos subterrâneos, para confirmar informações ou atualizá-lo sobre novas pistas.

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O Congresso se envolve porque, rapidamente, é estabelecido um vínculo com o presidente Richard Nixon, antes que de gravações de conversas – graças a um sistema que ele mesmo instalou no Salão Oval da Casa Branca – acabassem o comprometendo.

“Esta é a história incrível de uma presidência. O surpreendente é de que forma ele estava aborrecido e triste por ser presidente”, disse Woodward durante uma conferência em Washington. “Os presidentes podem fazer grandes coisas. Nixon se perdeu, não compreendeu sua função.”

“De certa forma, Watergate minou a confiança dos cidadãos no Estado, na presidência”, diz Steve Billet, professor de história na Universidade de Georgetown.

Segundo o acadêmico, o escândalo “transformou o poder em inimigo. Tornou-se o cumprimento de uma profecia segundo a qual o Estado poderia colocar em risco nossas liberdades”.

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Quarenta anos depois, os lendários repórteres multiplicam suas palestras. Anteontem, no auditório do Newseum (museu da imprensa e do jornalismo), Woodward, 69, falou para uma sala repleta de universitários.

O silêncio tomou conta do auditório quando ele relatou seu encontro, como membro do Exército, com Mark Felt, antes do que se tornaria o Watergate. A cena aconteceu na Casa Branca, aonde o tenente Woodward tinha ido entregar um envelope.

“Apresentei-me, ele se apresentou, peguei seu número de telefone. E mantive esta amizade de depredador com ele”, brincou. “Hoje em dia, apesar da transparência permitida pelas ferramentas de que os meios de comunicação dispõem, o giro que faria um escândalo como esse não seria tão diferente”, disse Woodward.

“Há um monte de coisas boas na internet, mas uma conspiração criminosa como Watergate não se descobre on-line”, afirmou.

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Para o romancista Thomas Mallon, que escreveu sobre o caso, um novo Watergate “precisaria, sem dúvida, de um hacker”. “Em algum momento, a história americana oferecerá um escândalo que irá eclipsar Watergate”, previu.

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