Putin assina lei que concede imunidade vitalícia a ex-presidentes russos
Ex-presidentes e suas famílias ficam isentos de serem interrogados pela polícia, de buscas e prisões; texto também concede cadeira vitalícia no Senado
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou nesta terça-feira, 22, uma lei que garante imunidade vitalícia aos ex-presidentes russos. O texto também concede uma cadeira vitalícia aos ex-presidentes no Senado – o Conselho da Federação –, cargo que oferece igualmente imunidade processual.
O texto, publicado no site do governo, concede aos ex-mandatários e às suas famílias a imunidade para que não sejam processados por crimes que tenham cometido. Com isso, também ficam isentos de serem interrogados pela polícia, ou por investigadores, assim como de buscas e prisões.
Essa legislação faz parte de um conjunto de emendas constitucionais que foram aprovadas no parlamento e por referendo em junho deste ano. A principal mudança é que Putin, de 68 anos, poderá permanecer na Presidência até 2036.
As reformas propostas redefiniriam o mandato de Putin, como se ele “zerasse” seus anos de presidência. Ele ainda não confirmou se concorrerá novamente quando seu mandato terminar em 2024, mas afirmou que é vital que ele tenha essa opção.
Membros da oposição disseram que ele está tentando se tornar “presidente vitalício”, uma alegação que Putin nega. No poder desde o ano 2000, o próprio líder da Rússia poderia se beneficiar da imunidade quando deixasse o cargo.
Contudo, a proposta de emendas transfere prerrogativas da Presidência para o Parlamento, como a escolha do primeiro-ministro e do gabinete pelo premiê. A rigor, deve fortalecer os poderes do primeiro-ministro, o que indica que mesmo se Putin deixar de ser presidente, pode assumir como premiê ao fim de seu atual mandato e manter-se no poder.
Até agora, os ex-presidentes estavam protegidos apenas de crimes cometidos enquanto estivessem no cargo. A imunidade vitalícia, por sua vez – que se aplica, claro, para além do mandato – só pode ser anulada se o ex-presidente for acusado de traição, ou de outro crime grave, e se as acusações forem confirmadas pelo Tribunal Supremo ou pelo Tribunal Constitucional.
Nesta terça-feira, o Parlamento também aprovou uma legislação que tornará confidenciais as informações sobre os funcionários do sistema judicial russo, a polícia e os organismos militares e reguladores. O projeto agora aguarda a assinatura de Putin para se tornar lei – passo considerado como uma mera formalidade.
Há outras reformas conservadoras que passam a configurar na constituição, como a proibição de juízes, legisladores e políticos em nível federal de terem nacionalidade estrangeira ou autorização de residência em outro país. O texto também passa a incluir a proibição do casamento gay e a menção à “fé em Deus” ancestral da Rússia.
(Com AFP)