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Protestos marcam o Dia Internacional da Mulher pelo mundo

Nas Filipinas, mulheres criticam a "misoginia" do presidente Rodrigo Duterte; em Paris, pedem a libertação de ativistas encarceradas na Arábia Saudita

Por Da Redação
8 mar 2019, 15h20

 

O Dia Internacional da Mulher é marcado por protestos ao redor do mundo. Deixando comemorações de lado, as manifestantes cobram punições mais severas para os crimes motivados por diferença de gênero e alvejam políticos conservadores. Nas Filipinas, mulheres foram às ruas contra as políticas “neoliberais” e “macho-fascistas” do presidente do país, Rodrigo Duterte.

“Duterte é a misoginia personificada, não só fala impropérios e faz ameaças contra as mulheres, mas também, infelizmente, influencia alguns agentes das forças de segurança, responsáveis por abusos contra mulheres”, declarou a secretária-geral do grupo feminista Gabriela, Joms Salvador.

A ativista denunciou que os casos de violência e abuso sexual contra a mulher cresceram 153% desde que Duterte assumiu o poder, em julho de 2016. Joms foi uma das líderes da manifestação que percorreu várias avenidas da capital,Manila, com a participação de cerca de 8.000 mulheres, segundo os organizadores.

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O líder filipino é conhecido pelos seus comentários machistas. Ele já declarou que prefere contratar homens para o seu gabinete, beijou uma mulher à força em um ato político, encorajou militares a atirarem na vagina de guerrilheiras e ofereceu “42 virgens” aos turistas que visitassem o país. Em seu comunicado para o dia, o presidente tentou se distanciar das polêmicas e pediu “apoio ao seu mandato” e “à superação das brechas e desafios na busca da igualdade de gênero”.

Quebra de tradições

Outras culturas conservadoras também foram alvo de atos nesta sexta-feira. Em Paris, manifestantes da Anistia Internacional se reuniram diante da embaixada da Arábia Saudita, considerado o 5° pior país para as mulheres em estudo da Thomson Reuters. Empunhando cartazes, elas defendiam os direitos das mulheres e a libertação de ativistas encarceradas no país.

Muitas das ativistas fizeram parte da campanha para que as mulheres pudessem dirigir no território saudita, extremamente conservador, e foram presas sob acusação de “conspirar” contra o reino. O país foi o último do mundo a autorizar mulheres a obter a carteira de motorista.

Já no Paquistão, o 6° colocado na pesquisa, as manifestações defenderam um novo papel feminino em sociedade. Na cidade de Lahore, os discursos focaram possíveis reformas das leis de matrimônio e exaltaram as mulheres que participaram da legislação trabalhista de Punjab, aprovada em 2018, que garantiu o direito à licença maternidade para as paquistanesas.   

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Em Israel, um grupo de mulheres se reuniu nas proximidades do Muro das Lamentações, ponto sagrado de Jerusalém. Conhecidas como “Mulheres do Muro”, elas lutam pelo direito de fazer suas preces no local, um símbolo do judaísmo. Segundo a Associated Press, milhares de judeus ultra-ortodoxos tentaram impedir a manifestação, que marcava o aniversário de 30 anos da organização.

As mulheres usavam uma vestimenta tradicional reservada para os homens ultra-ortodoxos e continuaram sua reza enquanto os homens gritavam insultos. A polícia tentou parar aqueles que avançavam contra o círculo de orações e informou que prendeu um jovem por desacato a uma das autoridades.

Em 2017, o governo israelense, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, desistiu de um projeto para uma área mista de orações no Muro das Lamentações depois de ser pressionado por partidos conservadores.

Manutenção de direitos

Mesmo com uma legislação mais progressista, o Dia Internacional da Mulher na Espanha também foi repleto de protestos por equidade. Pelo segundo ano, as mulheres organizaram uma “greve feminista” nacional, para chamar atenção para a discriminação por gênero, a violência e a desigualdade salarial entre os sexos. Em 2018, o evento inédito contou com a adesão de mais de 5 milhões de trabalhadoras. Hoje, além das paralisações, 1.400 passeatas estão agendadas em todo o país.

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O governo socialista espanhol, que começou o mandato em junho do ano passado, afirma que a evolução da igualdade está entre as prioridades de sua agenda. Ao assumir o gabinete, o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, indicou 11 mulheres e 6 homens para sua equipe, garantindo que está “irremediavelmente comprometido com a igualdade” e que pretendia refletir as mudanças que houveram na sociedade do país europeu.

O Poder Executivo suspendeu quase todas as suas atividades do dia e 8 ministras devem se juntar aos protestos no centro de Madrid durante a tarde desta sexta-feira, 8. Entre as motivações dos atos deste ano está a ascensão do partido de extrema-direita Vox e de suas ideias para alterar a legislação contra a violência doméstica.

Em um artigo publicado no jornal ABC, seu líder repudiou o teor dos protestos. “Nós não acreditamos em leis divididas por gênero, em cotas ou nessa supremacia feminista que só busca privilégio, não para as mulheres, mas para uma minoria de oportunistas e lobistas”, escreveu Rocío Monasterio. “Nós não aceitamos que as organizadoras desta greve, que não são nada além de marionetes dos grandes partidos políticos, possam dizer que falam por todas as mulheres. Isto é um insulto contra a nossa inteligência.”

A preocupação de alas mais progressistas da política espanhola está na influência do Vox sobre outros partidos. Seus membros se aliaram a políticos conservadores mais moderados, que deram uma guinada à direita. O líder do Partido Popular (PP), Pablo Casado, defendeu recentemente a revisão das leis de aborto da Espanha, afirmando que elas devem ser mais restritas.

Na quinta-feira 7, Carmen Calvo, a ministra da Igualdade de Sánchez, afirmou que a adesão do PP ao posicionamento do Vox não é surpreendente já que “os partidos de direita nunca se uniram às lutas por equidade.”

“Nós somos um governo feminista que entende que, no século 21, você não consegue governar sem prestar atenção aos problemas específicos que são enfrentados por mais de metade da população”, concluiu Calvo.

Aumento da Violência

Em Perth, na Austrália, mulheres posicionaram seus pares de sapatos na escadaria do Parlamento da cidade. Sob a liderança do grupo Women Shout Out Australia, elas se reuniram em frente ao prédio para protestar “contra a violência dos homens”.

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Milhares de manifestantes também devem se reunir no Hype Park, em Sydney, contra a violência endêmica no país. Em 2018, 63 mulheres foram vítimas de violência na Austrália, a maioria delas em agressões domésticas. Até março deste ano, 12 mulheres e três crianças morreram.

As passeatas também irão destacar as políticas discriminatórias que afetam as estudantes de nível superior. Nas universidades do país, homens e mulheres usufruem de níveis diferentes de liberdade. Wafa Asher, uma estudante de 21 anos, disse ao Guardian que a maioria das instituições desempenha “uma vigilância constante” sobre suas alunas. “Existe um policiamento excessivo sobre as roupas e os comportamentos.”

Muitos países adotam o 8 de março como feriado nacional. Alguns deles, como a Rússia, Cuba, Georgia e o Vietnã, se orientam nas raízes revolucionárias da data, originada por protestos de operárias. Na China, o dia é livre apenas para as mulheres. Na Alemanha, pela primeira vez, Berlim acrescentou o dia ao seu calendário de feriados, em uma medida inédita entre os 16 estados da federação.

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A Organização das Nações Unidas (ONU) endossou a criação do feriado em 1975, durante o Ano Internacional da Mulher. Em 1994, um deputado republicano, Maxine Waters, também tentou aprovar uma emenda para oficializar a folga nos Estados Unidos, mas a medida não foi aprovada pela Câmara.

(com Agência Efe, Reuters) 

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