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Protestos em cidadezinha chinesa incomodam Pequim

Vigor da manifestação torna singular os atos ocorridos nos últimos três meses em Wukan, localidade de 20.000 habitantes

Por Da Redação
15 dez 2011, 23h23

A cidade de Wukan, no sul da China, voltou a ser palco de protestos por disputa de terras nesta quinta-feira, um dia após a morte do camponês Xue Jinbo – que estava preso desde manifestação anterior. O vigor dos protestos na localidade de 20.000 habitantes, iniciados em setembro, começa a incomodar Pequim.

Mais de mil pessoas participam dos atos regularmente. As principais autoridades fugiram. Os militares lotados no local estão sob investigação por terem abandonado a guarnição. Na sexta-feira da semana passada, a polícia contra-atacou, invadindo a localidade e prendendo lideranças. Mas, quando os policiais tentaram reeditar a operação, no dia seguinte, encontraram estradas bloqueadas com troncos de árvores.

Os habitantes da cidade acusam as autoridades locais de terem expropriado suas terras sem compensação e as entregado a empresas – os governantes afirmam que seguiram o procedimento legal. Protestos por terra têm se mostrado relativamente comuns nos últimos anos no interior da China – sobretudo quando autoridades buscam no incentivo à urbanização uma forma de aumentar suas rendas.

Especialistas do núcleo Stratfor – conhecido por análises certeiras a respeito de episódios de conflito como os de Kosovo – enumeram três características que tornam a situação de Wukan singular. Em primeiro lugar, a duração dos protestos. Se, em geral, manifestações do tipo são rapidamente amainadas com a cooptação de líderes ou com a concessão parcial de benefícios, os atos em Wukan já duram três meses.

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Em segundo lugar, o número de manifestantes. Os analistas enfatizam que, apesar de aproximadamente mil pessoas terem participação ativa nos protestos, os ativistas conquistaram a simpatia de toda a vila. O terceiro ponto citado pelos analistas é a reação das autoridades. Após a fuga e a resistência encontrada na tentativa de uma segunda incursão na aldeia, os militares tiveram de pedir reforço a localidades vizinhas para cercar o povoado.

Em situações normais, protestos dessa natureza não se configuram em ameaça ao governo central – que tem a possibilidade de intervir contra as autoridades locais, alvo direto dos protestos, e até conquistar simpatia ao fazer concessões. A notória desaceleração da economia chinesa, no entando, tem dificultado esse tipo de atuação por parte de Pequim.

Se novos protestos como o de Wukan emergirem em outras localidades do vasto território chinês, Pequim terá de utilizar a força de forma mais intensa. O risco é o foco de as manifestações se voltar especificamente para o governo central. Neste cenário, o partido comunista pode ser colocado em questão – e o recrudescimento de Pequim será inevitável.

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