Promotor do caso Amanda Knox diz que vai recorrer
Relatório publicado nesta quinta ressalta falta de provas contra a americana
Absolvida em um julgamento no mês de outubro, na Itália, Amanda Knox pode voltar a atrair a atenção do mundo em breve. Nesta quinta-feira, Giuliano Mignini, o promotor que acusou a americana e seu ex-namorado Raffaelle Sollecito pelo assasinato da estudante britânica Meredith Kercher, afirmou à rede americana CNN que pretende recorrer da decisão que inocentou Amanda. “Provavelmente vamos apelar”, disse o promotor.
Entenda o caso
- • Meredith Kercher foi encontrada morta no quarto do apartamento que dividia com Amanda Knox, em 2007.
- • Ela estava seminua e tinha ferimentos pelo corpo, o que alimentou a versão da promotoria de que teria sido vítima de um jogo sexual regado a drogas.
- • Inicialmente, Amanda e o namorado italiano, que sempre negaram o crime, foram condenados – ela a 26 anos de prisão, ele, a 25.
- • Eles apelaram, enquanto a promotoria pedia prisão perpétua. Em outubro, a Justiça italiana inocentou os dois.
O caso voltou a repercutir nesta quinta-feira, devido à publicação do relatório do juiz Claudio Pratillo Hellman sobre as razões que levaram o juri a decidir pela absolvição. Chamada na Itália de motivazione (motivação), a peça jurídica expõe o que fundamentou a sentença. Conforme a legislação italiana, as apelações só podem ocorrer depois da publicação da motivazione.
Hellman afirma que o juri absolveu a Amanda Knox porque considerou que não haviam provas suficientes de que ela fosse culpada. “Mesmo considerando tudo”, as evidências apresentadas pela promotoria “não provam de maneira alguma a culpa de Amanda Knox e Raffaele Sollecito pelo assassinato da estudante britânica Meredith Kercher”, escreveu o juiz. Ele acrescenta que não foi possível reconstituir o crime. “O que importa para chegar ao veredito é apenas a falta de provas da culpa dos dois réus”, diz.
O advogado de Knox, Carlo Dalla Vedova, disse que ela ficou “completamente satisfeita” com o relatório do juiz. “Nós sempre dissemos que não havia provas, que a primeira sentença era baseada em probabilidades, não fatos. A primeira decisão foi um erro, que foi corrigido.”
O homicídio – O crime pelo qual Amanda foi condenada a 25 anos de prisão, ocorreu um mês depois de a estudante chegar à Itália. Meredith, com quem dividia casa, foi encontrada morta, degolada, no seu quarto. À ocasião, Amanda tinha 20 anos e namorava, há seis dias, o italiano Raffaele Sollecito, que também foi detido. Amanda foi declarada culpada depois que seu DNA foi encontrado no cabo de uma faca cuja lâmina continha o sangue da vítima. Porém, uma reavaliação do material forense por um painel independente descobriu 54 “erros grosseiros” dos investigadores na recolha de provas, levando à sua exclusão.