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Prisioneiro palestino está à beira da morte após 75 dias em greve de fome

Por Da Redação
11 Maio 2012, 22h43

Nuha Musleh.

Kharas (Cisjordânia), 11 mai (EFE).- Dezenas de pessoas se aproximam diariamente da barraca da família Halahle, no povoado palestino de Kharas (perto de Hebron) para expressar apoio à greve de fome de seu filho Thaer, preso sem julgamento nem acusações em um centro de detenção israelense e que completa nesta sexta-feira 75 dias sem comer.

‘Meu irmão Thaer está em uma situação crítica. Seu coração bate acelerado, seus músculos se contraíram e sangra pelas gengivas e lábios. Perdeu 30 quilos desde que parou de comer, pesava 85 e agora ficou com 55’, descreveu Maher Halahleh em entrevista à Agência Efe, rodeado de familiares e amigos que passam os dias na improvisada barraca recebendo visitas.

Mona Nedaf, advogada da associação de defesa dos prisioneiros Adamir, visitou nesta sexta-feira o detento, de 33 anos, e disse que ele está com pressão alta, febre e vomitando sangue. O médico da prisão lhe informou sobre uma infecção em parte do corpo e advertiu que ‘morrerá a qualquer momento’ se não se alimentar.

A casa da família está repleta de bandeiras palestinas, fotos de Thaer e seu irmão Shaher (também preso e em greve há 25 dias) e uma grande bandeira da Jihad Islâmica que retiraram nesta sexta-feira para levá-la a uma marcha em apoio aos prisioneiros em Hebron.

A mãe de ambos, Fatima, diz estar ‘angustiada’ com a situação e afirma se deitar a cada noite com o temor de perder algum de seus filhos.

‘Só em Israel é permitido deixar alguém preso durante anos sem sequer acusá-lo de alguma coisa’, critica Fatima, referindo-se à ‘prisão administrativa’ prevista pela legislação do Estado judaico, situação em que Thaer se encontra há dois anos e que o Exército israelense utiliza para deter palestinos por um prazo de seis meses prorrogável indefinidamente sem acusação formal.

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As autoridades israelenses rejeitaram os pedidos da família Halahle e das de outros grevistas para visitar os prisioneiros. Apesar da luta cansativa, os entes queridos buscam apoiar a causa que mais de mil presos palestinos promovem contra o Serviço de Prisões de Israel, já apelidado de ‘a batalha dos estômagos vazios’.

‘Esta é sua única arma. A greve fará com que o mundo se dê conta de que nossos filhos devem ser libertados’, ressalta o patriarca dos Halahle, Ayish.

Thaer é, junto a Bilal Diab, o prisioneiro que está há mais tempo sem comer, mas há outros cinco que estão também em situação crítica: Hassan Safadi (68 dias), Omar Abu Shalal (66) Mohamad Taj (55), Mahmoud Sarsak (54) e Jaafar Azzedine (51), internados na enfermaria da prisão de Ramla, apesar dos apelos de organizações humanitárias para que sejam transferidos a um hospital civil.

Na mesma situação que estes sete, há entre 1,5 mil prisioneiros (segundo fontes israelenses) e 2 mil-2,5 mil (segundo a Adamir) que iniciaram greve de fome no dia 17 de abril.

Alguns deles (muito poucos) alternam o jejum com a ingestão de alimentos de vez em quando, mas a maioria se nega a comer totalmente e recebe apenas água e sais minerais.

Alguns poucos rejeitam inclusive tomar água desde quarta-feira, segundo o jornal ‘Al Quds’, o que poderia provocar uma drástica e rápida piora de sua saúde.

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O jornal informa que vários dos grevistas foram transferidos de suas prisões ao centro de confinamento solitário de Jalameh.

A Adamir denuncia represálias e maus-tratos das autoridades israelenses, como a cobrança de multas aos grevistas (de até R$ 200 diários), contínuas transferências de uma prisão a outra – durante as quais permanecem horas fechados em furgões -, agressões físicas, cortes de água corrente nas celas e a proibição de ver seus advogados e familiares. Israel, no entanto, nega as acusações.

Os grevistas exigem o fim das prisões administrativas e as penas de isolamento (que atingem 17 prisioneiros, alguns deles há uma década), uma melhora das condições de encarceramento, melhor atendimento de saúde e a possibilidade de receber visitas de familiares e de cursar estudos a distância, entre outros.

O último preso palestino falecido por causa de uma greve de fome foi Hassan Abidat, em 1992. De acordo com a Adamir, houve casos anteriores: um em 1984, três em 1980 e o primeiro em 1970.

Representantes dos prisioneiros se reuniram nesta quinta-feira com as autoridades israelenses para negociar uma solução ao conflito, informaram a agência de notícias palestina ‘Ma’an’ e o jornal israelense ‘Ha’aretz’. Ambos indicam, no entanto, que o debate se limitou ao fim das penas de isolamento e a autorização de visitas de familiares de presos da Faixa de Gaza, atualmente proibidas. EFE

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