Princesa do Japão diz estar ‘insegura’ para se tornar imperatriz
Masako luta contra 'distúrbio de adaptação'; com abdicação do imperador Akihito, casal assumirá o trono imperial em abril de 2019
Em um retrato raro das pressões enfrentadas pela Família Real do Japão, a princesa Masako declarou-se “insegura” sobre assumir o papel de imperatriz do país no próximo ano. A futura soberana enfrenta doenças relacionadas ao estresse e à depressão.
Em pronunciamento na comemoração de seus 55 anos, no domingo 9, Masako prometeu dar o seu melhor para cumprir seu papel quando o marido, o príncipe herdeiro Naruhito, assumir o posto de seu pai, Akihito, em abril de 2019.
“Pensando nos dias que estão por vir, me sinto insegura sobre quão útil posso ser”, ela disse. “Eu gostaria de me dedicar para apoiar sua alteza, o príncipe herdeiro, e me esforçar pela felicidade das pessoas.”
O príncipe herdeiro Naruhito conheceu Masako em uma festa do chá para uma princesa espanhola, em 1986. Apesar da preocupação inicial sobre se casar com um monarca, ela contou a jornalistas que foi convencida pelas promessas do príncipe. “Você pode ter medos e preocupações sobre entrar para a família real, mas irei te proteger pela minha vida inteira”, dissera-lhe ele.
Masako se casou com Naruhito em 1993, abandonando uma carreira de sucesso como diplomata pelo estilo de vida conservador e altamente protocolar da família real.
A princesa, que viveu no exterior quando criança e se formou na Universidade de Harvard, já enfrentou pressões para dar à luz um sucessor ao trono do Império. Sua filha, a princesa Aiko, não pode se tornar imperatriz segundo a lei de sucessão japonesa, que só inclui homens. Discussões sobre uma possível alteração na legislação esfriaram após o nascimento de Hisahito, primo de Aiko e sobrinho de Naruhito. O garoto se tornou o terceiro na linha de sucessão ao trono depois do tio e de seu pai, Fumihito.
Em 2004, Naruhito disse à imprensa que a esposa havia “se exaurido completamente” ao tentar se adaptar a vida no palácio e acusou autoridades reais de “tentar apagar” sua personalidade e sua carreira.
Na década seguinte, a princesa permaneceu longe da vida pública. Mas aumentou sua presença em funções públicas nos últimos anos. Ela vem batalhando contra uma doença que médicos descrevem como “distúrbio de adaptação”.
Apesar de a família real japonesa ser mais discreta que outras monarquias, o imperador continua sendo uma figura relevante no país. Mais velho monarca a permanecer no poder, aos 84 anos, o imperador Akihito também será o primeiro monarca a abdicar do trono em mais de 200 anos.
O último foi o Imperador Kokaku, em 1817. Acredita-se que Akihito está deixando o cargo por sua idade avançada e pressões do trabalho.