Primeiro presidente do Irã após Revolução Islâmica morre aos 88 anos
Abolhassan Banisadr estava internado no hospital Pitié-Salpêtrière, em Paris
Primeiro presidente do Irã após a Revolução Islâmica de 1979, Abolhassan Banisadr morreu aos 88 anos, na França, após uma longa enfermidade não especificada pela família. Ele estava internado no hospital Pitié-Salpêtrière, em Paris.
Banisadr se tornou presidente do Irã em fevereiro de 1980 com a ajuda do clero islâmico – ganhou as eleições com mais de 75% dos votos. Mas depois de uma luta pelo poder com religiosos radicais, ele fugiu para a França, em 1981, onde passou o resto de sua vida. Ao anunciar a morte, a família disse em seu site que Banisadr havia se levantado “contra a nova tirania e opressão em nome da religião”.
Em meio a um mar de clérigos xiitas vestidos de preto, Banisadr se destacou por seus ternos de estilo ocidental. Essas diferenças o isolaram enquanto buscava implementar uma economia de estilo socialista sustentada por uma profunda fé herdada do pai religioso.
Atropelado por eventos que fugiram ao seu controle, incluindo a crise dos reféns da embaixada dos EUA e a invasão iraquiana, nunca exerceu o poder de fato enquanto esteve na presidência do Irã. O aiatolá Ruhollah Khomeini, com quem Banisadr trabalhara no exílio, na França, e seguiu de volta a Teerã em meio à revolução, era o verdadeiro líder. Após 16 meses no cargo, Khomeini mandou-o de volta para a França.
Em entrevista à agência de notícias britânica Reuters, em 2019, o ex-presidente disse que Khomeini traiu os princípios da revolução após chegar ao poder. Segundo ele, ainda em Paris, antes de voltar a Teerã, estava convencido de que a revolução islâmica abriria o caminho para a democracia e os direitos humanos após o governo do Xá Reza Pahlevi. “Tínhamos certeza de que um líder religioso estava se comprometendo e que todos esses princípios aconteceriam pela primeira vez em nossa história”, disse ele na ocasião.