Primeiro-ministro da Tunísia promete liberdade de imprensa
Em Davos, o islamita Hammadi Jebali disse que Constituição será democrática
Diante da plateia do Fórum Ecônomico Mundial, em Davos, na Suíça, o novo primeiro-ministro tunisiano, Hammadi Jebali, prometeu nesta sexta-feira que a nova Constituição do país vai garantir a liberdade de imprensa, um Judiciário independente e acabar com todas as formas de discriminação. “Não haverá discriminação religiosa, linguística ou de gênero”, disse o premiê.
No ranking da liberdade de imprensa divulgado nesta quinta-feira pela organização Repórteres Sem Fronteiras, a Tunísia aparece em posição desconfortável: é o 134º colocado entre 179 países.
Integrante do partido islamita Ennahda, considerado de linha moderada, Jebali participou de um painel sobre o futuro dos países do norte da África, onde no ano passado, uma onda de revoltas populares derrubou regimes ditatoriais que estavam havia décadas no poder – a começar pela própria Tunísia, berço da Primavera Árabe. Na discussão, todos os participantes concordaram que a região precisa de democracia e não pode mais ser controlada por elites políticas.
Jebali defendeu que, embora a maioria dos governos formados após a série de revoltas ter grande participação de movimentos islamitas, isso não significa que eles não sejam democráticos. Abdelilah Benkirane, premiê do Marrocos – uma monarquia que também enfrentou protestos em 2011 – concordou: “Se esses governos são islamitas ou não, o que importa? O que é importante é que sejam democráticos”.
O candidato à Presidência do Egito e ex-secretário-geral da Liga Árabe, Amre Moussa, reproduziu o discurso afirmando que “nós todos abraçamos a democracia”. Mas fez uma ressalva: “A questão é saber se o Ociente será capaz de lidar com uma democracia que é árabe. O Ocidente quer eleições democráticas, mas quer eleições nas quais os partidos que eles preferem vençam”, provocou.
Economia – O grupo concordou ainda que um grande desafio para os novos governos da região é produzir resultados rápidos na economia. O premiê tunisiano enfatizou que, em seu país, o desemprego é o principal problema. “Nós temos 800.000 pessoas que estão desempregadas. 200.000 delas têm diploma universitário e a Tunísia forma 75.000 estudantes por ano sem ter empregos para eles”. Jebali disse, acrescentando que 400.000 pessoas vivem com menos de um euro por dia.
Apesar do desafio econômico, o primeiro-ministro mostrou otimismo com o futuro da democracia no país e garantiu que o novo regime irá respeitar os direitos das mulheres. “Não podemos ter uma democracia amputada. Temos qye levar em conta toda a população. Não podemos ignorar as mulheres”. Para exemplificar suas boas intenções, Jebali citou a presença feminina no Parlamento, e destacou o número de mulheres na bancada do Ennahda