Primárias da Geórgia desafiam controle de Trump sobre Partido Republicano
Brian Kemp derrotou o candidato de Donald Trump, David Perdue, mostrando que eleitores do estado rejeitam narrativa de fraude eleitoral em 2020
O governador da Geórgia, Brian Kemp, venceu a primária republicana do estado na terça-feira 24, derrotando o candidato apoiado pelo ex-presidente Donald Trump, David Perdue. Embora seu poder sobre a legenda seja incontestável, o resultado mostra que nem todos os eleitores compram a narrativa de que houve fraude eleitoral em 2020 – ponto-chave para o endosso trumpista.
A briga entre republicano e republicano, que decide quem vai concorrer com a oposição democrata no segundo semestre, revelou limites ao poder que Trump ainda exerce sobre o partido. Sua tentativa de destituir Kemp faz parte de uma cruzada pessoal para punir os republicanos que ele culpa por sua derrota em 2020. Ele também tentou substituir o procurador-geral e o secretário de estado.
As autoridades da Geórgia se recusaram a anular os resultados da eleição presidencial no estado, depois que várias análises determinaram que o vencedor era, de fato, o atual presidente Joe Biden. Enquanto isso, Perdue abraçou completamente o mito de que teria havido fraude no pleito de 2020, sendo preferido pelo ex-presidente.
No entanto, pesquisas de opinião nas últimas semanas da corrida mostraram que o candidato de Trump estava muito atrás de Kemp, cuja agenda conservadora angariou o apoio de muitos dos grandes doadores e líderes políticos do estado.
A vitória do secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, que em 2020 recusou o pedido de Trump de “encontrar” mais votos para ele, também está praticamente garantida contra Jody Hice, ganhador do endosso ex-presidencial. E o procurador-geral Chris Carr conseguiu derrotar John Gordon, cujo mito da eleição roubada foi elemento central de sua campanha.
Nas eleições de meio de mandato do segundo semestre, quando americanos vão votar em senadores, deputados e alguns governadores, Kemp enfrentará a democrata Stacey Abrams. Em 2018, ela perdeu o governo por pouco contra o republicano, mas emergiu como uma estrela em ascensão na esquerda americana e uma proeminente defensora dos direitos de voto. Essa deve ser uma das disputas acirradas do ciclo.
Os fracassos de Trump na Geórgia acontecem enquanto os republicanos ainda aguardam os resultados de uma disputa acirrada no Senado na Pensilvânia, onde Mehmet Oz, famoso médico da televisão que Trump endossou, concorre contra David McCormick, um investidor.
Ainda que o ex-presidente tenha sofrido alguns revezes, os resultados das eleições primárias são prova de quão arraigada a narrativa de Trump sobre fraude eleitoral se tornou – e quão forte ainda é sua influência sobre o partido.
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Fora que nem todas as corridas no estado foram contra o último líder da Casa Branca: o ex-jogador de futebol Herschel Walker, que recebeu o endosso dourado, ganhou a indicação republicana ao Senado. Marjorie Taylor Greene, congressista de extrema direita e propagadora de uma série de teorias da conspiração, também conquistou a vitória na Geórgia.
Também na terça-feira 23, Sarah Huckabee Sanders, secretária de imprensa da Casa Branca no governo Trump, garantiu a indicação republicana na corrida para se tornar a próxima governadora do Arkansas. Enquanto isso, no Texas, George P. Bush, sobrinho do ex-presidente, não conseguiu derrubar o procurador-geral Ken Paxton, endossado por Trump. Nem a força da dinastia Bush foi páreo para a influência do líder permanente do Partido Republicano.