Pierson Gutiérrez Soliz, de 42 anos, foi preso nesta sexta-feira (27) na Nicarágua como suspeito de ter assassinado a estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima, informou a Polícia Nacional do país. Raynéia foi morta com um tiro no peito, dentro de seu carro, na última segunda-feira em Manágua.
Em uma breve nota, a Polícia Nacional disse ter apreendido um fuzil M4, fabricado pela americana Colt. Porém, não confirmou sua versão anterior de que o suspeito era vigilante de uma empresa privada de segurança.
Horas depois do assassinato, Ernesto Medina, reitor da Universidade Americana (UAM), denunciou que Raynéia havia sido vítima de disparos de paramilitares favoráveis ao governo. “As forças paramilitares sentem que têm carta branca, ninguém vai dizer nada a eles, ninguém vai fazer nada, [enquanto] eles andam sequestrando e matando”, denunciou o reitor.
O crime ocorreu em meio a uma das maiores crises políticas do país. Desde o início dos protestos contra o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, em abril, 448 pessoas foram mortas. A grande maioria delas foi vítima das forças policiais e dos grupos paramilitares, que reforçam a repressão oficial.
O governo brasileiro pressiona a Nicarágua a apresentar informações mais precisas sobre o caso. “Vamos insistir nisso porque nos parece algo inaceitável”, disse nesta sexta-feira o ministro de Relações Exteriores, Aloysio Nunes.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o Escritório do Alto Comissário para os Direitos Humanos da ONU (ACNUDH) responsabilizaram o governo da Nicarágua por assassinatos, execuções extrajudiciais, maus tratos e possíveis atos de tortura.
O governo da Nicarágua nega as acusações.
Raynéia era estudante do sexto ano do curso de Medicina da Universidade Americana (UAM), em Manágua. De acordo com sua mãe, Maria José da Costa, a estudante saiu do hospital onde fazia residência na noite de segunda-feira e foi até a casa de uma amiga. Dirigindo de volta para sua residência, foi atingida por um tiro de grosso calibre e bateu o carro em seguida.
Ela estava sozinha em seu carro, mas seu namorado a acompanhava em outro veículo logo atrás e a levou para o Hospital Militar. Ela morreu duas horas depois do mesmo hospital onde passara o dia, como residente.
Raynéia se mudou para a Nicarágua em 2013 com seu marido e os sogros. Divorciou-se depois de 3 anos, segundo seu pai, Ridevando Pereira.
Maria José contou que Raynéia tinha planos de voltar ao Brasil assim que terminasse sua residência, em maio de 2019. “Minha filha era pacata, só estudava, estudava para salvar vidas. E agora tiraram a vida dela”, disse.
(Com EFE)