O presidente peruano, Ollanta Humala, reformou no domingo seu governo, que será liderado por um primeiro-ministro ex-militar, e terá poucos ministros do partido de seu aliado, o ex-presidente Alejandro Toledo.
Humala, que assumiu em julho, tem 10 novos ministros em seu gabinete de 19, em uma reforma lançada após a demissão no sábado do empresário Salomon Lerner como primeiro-ministro.
Humala substituiu Lerner pelo ministro do Interior, Oscar Valdes, um ex-militar.
A partida de Lerner ocorre depois que Humala declarou estado de emergência no departamento de Cajamarca, nordeste do Peru, em uma tentativa de sufocar a oposição ao Conga, um projeto de exploração de ouro e cobre cujos críticos afirmam que causará danos sociais e ambientais.
A saída do primeiro-ministro levou o gabinete inteiro a deixar seus cargos, seguindo a legislação peruana.
Toledo disse que seu partido, o Peru Possível, se opõe à “militarização” do governo de Humala.
Humala depende do apoio de parlamentares leais a Toledo porque seu partido não conta com maioria no Congresso unicameral peruano, de 130 cadeiras.
Enquanto os membros do Peru Possível não aceitam nenhuma posição do gabinete, o partido continuará apoiando as políticas do presidente no Congresso, disse Toledo após um encontro com ex-líderes do partido.
“Estou profundamente preocupado com a militarização de um governo que foi eleito dramaticamente”, disse Toledo. “Estou muito preocupado com o fato de o presidente Humala dar mais atenção a seus conselheiros militares do que a seus ministros.”
“Quero ser claro: não apoio o presidente Humala”, disse Toledo, acrescentando que ele estava preocupado com a estabilidade democrática do país.
O projeto mineiro de Conga é um plano da empresa americana Newmont com um parceiro peruano para extrair 7 milhões de onças de ouro e 180 milhões de quilos de cobre até 2017 da região.
Humala, um ex-militar de esquerda, assumiu em julho após derrotar Keiko Fujimori, filha do ex-presidente peruano Alberto Fujimori.
Toledo, presidente de 2001 a 2006, é um dos arquitetos do atual modelo econômico peruano, que trouxe alto crescimento, mas também uma grande disparidade de renda. Ele também concorreu à presidência este ano, mas posteriormente apoiou a candidatura de Humala.
Analistas veem a nomeação de Valdes como um sinal de que Humala está pronto para tomar a linha dura contra os críticos, incluindo aqueles em Cajamarca.
“Valdes é visto como uma pessoa bastante eficiente, que conseguiu lidar com as dificuldades do gabinete – o Ministério do Interior – com inteligência. O fato de ele vir do exército significa que o governo não tolerará excessos” em conflitos sociais, disse Alfredo Torrer, presidente do Ipsos Apyo, ao jornal El Comercio.