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Presidente de Ruanda critica França por ‘participação’ em genocídio

França cancelou participação em cerimônias que lembram os 20 anos do massacre. ONU admitiu que 'muito mais poderia ter sido feito' para evitar matança

Por Da Redação
7 abr 2014, 17h26

A cadeira que seria ocupada pela ministra da Justiça da França, Christiane Taubira, na cerimônia em homenagem aos 800.000 mortos no genocídio de Ruanda, há vinte anos, ficou vazia. O governo francês decidiu não participar do evento em reação às declarações do presidente ruandês, Paul Kagame, que acusa o país de ter tido participação na matança.

A acusação não é nova, mas as divergências reavivadas pelos vinte anos do massacre ocorrem em um momento importante para a relação entre os dois países, destacou o New York Times. Ruanda tenta manter seu crescimento econômico e sua reputação com um país estável no continente, enquanto a França está em meio a esforços para controlar os confrontos na República Central Africana, que muitos temem podem resultar em uma situação como a ocorrida em Ruanda em 1994.

Em uma entrevista à revista Jeune Afrique, Kagame apontou o “papel direto de Bélgica e França na preparação política do genocídio” e disse que tropas francesas tiveram uma participação “ativa” nas mortes, defendendo que a responsabilidade dos soldados foi muito maior do que o país admite.

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A chancelaria francesa declarou “surpresa” com as declarações do presidente de Ruanda. “Essas acusações vão contra o processo de diálogo e reconciliação mantido por vários anos entre os dois países”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores, em comunicado.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, participou de uma cerimônia nesta segunda na capital Kigali e disse que a organização ainda lamenta por ter falhado na prevenção do genocídio. O secretário admitiu que as tropas de paz foram retiradas do país quando eram mais necessárias. “Poderíamos ter feito muito mais. Deveríamos ter feito muito mais”, disse. Ele acrescentou que o mundo ainda tem de superar completamente suas divisões, sua indiferença”, citando as atrocidades em Srebrenica, em 1995, e que os conflitos atuais na Síria e na República Centro Africana.

Pelo menos 800.000 pessoas, em sua maioria tutsis e hutus moderados, foram massacrados por milícias hutus. A matança chegou ao fim em julho de 1994, quando um movimento rebelde liderado por tutsis derrotou o Exército e as milícias hutus e assumiu o controle do país. Nesta segunda, Ban Ki-Moon e o presidente Kagame acenderam uma tocha que deverá permanecer acessa durante 100 dias – o período em que o massacre durou.

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Recentemente, o governo de Kagame foi acusado de apoiar rebeldes na República Democrática do Congo – o governo britânico retirou 38 milhões de dólares em ajuda financeira a Ruanda por causa do apoio aos rebeldes. As acusações contra a França, que sempre surgem perto da data do aniversário do genocídio, é vista por alguns críticos como uma forma de o presidente ruandês desviar a atenção do público interno das ações controversas de sua gestão.

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