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Presidente da Turquia visitará Venezuela para estreitar relação bilateral

Tão autoritário como Nicolás Maduro, Recep Erdogan apoia Caracas e critica as sanções impostas pelos Estados Unidos ao país

Por Da Redação
29 nov 2018, 21h30

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, chegará à Venezuela na segunda-feira (3) para a sua primeira visita oficial ao país, informou nesta quinta-feira o governo de Nicolás Maduro. A notícia havia sido antecipada pelo presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Diosdado Cabello.

Erdogan participa nesta sexta-feira (30) e sábado (01) da reunião de cúpula do G20 em Buenos Aires, na Argentina, em Buenos Aires. O governante já tinha mencionado, em setembro, a possibilidade de ir à Venezuela, depois de ter manifestado seu apoio a Maduro durante uma visita a Nova York.

O governo venezuelano considera a Turquia um país aliado, que ajuda a “romper o bloqueio” imposto pelos Estados Unidos. Rússia e China são outras duas Nações com relações estreitas com Caracas, cujo regime autoritário tem sido criticado abertamente na América Latina e sancionado pelos Estados Unidos.

Embora tenha sido reeleito neste ano, Erdogan é tido como um líder autoritário e concentrador de poderes, graças a mudanças constitucionais impulsionadas pelo seu governo e sua base no Congresso.

Os ministros das Relações Exteriores de ambos os países, o turco Mevlüt Çavusoglu e o venezuelano Jorge Arreaza, assinaram em Caracas em setembro passado acordos para fortalecer as relações diplomáticas bilaterais.

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Durante a visita, Çavusoglu destacou que a Turquia fazia “o necessário para apoiar a Venezuela” na difícil situação que atravessa e expressou sua rejeição às medidas de “isolamento” e às sanções impostas pelos Estados Unidos.

A visita de Erdogan se dá em um momento de crise econômica e humanitária na Venezuela. Mais de 2,3 milhões de pessoas deixaram o país por causa da falta de alimentos, de medicamentos, de atendimento médico e de empregos.

O outrora rico país petroleiro enfrenta cinco anos de recessão, a ruína de sua vital indústria petroleira, uma inflação que chegará a 1.350.000% este ano, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).

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Maduro afirmou que Erdogan terá um dia intenso em Caracas, mas dificilmente mostrará a realidade do país.

A situação dos hospitais públicos venezuelanos tem sido agravada por apagões e os cortes no abastecimento de água, revelou a organização não-governamental Médicos pela Saúde. Dos 40 hospitais monitorados entre 10 e 16 de novembro pela entidade, 67% apresentaram “algum tipo de falha” elétrica com média de duas horas sem serviço durante a semana.

“Depois dos apagões, 32% reportaram falhas em equipamentos de assistência vital como ventiladores mecânicos”, afirmou o diretor da Médicos pela Saúde, Julio Castro.

Além disso, 70% desses estabelecimentos sofreram cortes no abastecimento de água durante a semana da consulta. Deste percentual, 8% não tiveram nenhuma gota nas torneiras, enquanto outros foram abastecidos com caminhões-tanque.

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Leito do Hospital Jose Gregorio Hernandez, em Caracas – 20/11/2018 (Marco Bello/Reuters)

O Hospital Universitário de Caracas faz parte de um grupo de centros médicos que passou, em média, de três a cinco dias sem água no período avaliado, “sem apoio alternativo”. No seu edifício de 11 andares, a interrupção do serviço é frequente, segundo o sindicalista Dennis Guedez.

“Além de uma lista de insumos, pede-se aos pacientes que vão para o centro cirúrgico para trazerem água”, acrescentou Guedez.

O governo de Maduro costuma atribuir as falhas elétricas a “sabotagens”, mas especialistas vinculam a crise à falta de manutenção, ausência novos investimentos e corrupção.

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Os racionamentos de água também são comuns, a ponto de o estado petroleiro de Zulia (noroeste), afetado por apagões constantes, ter sido declarado em situação de emergência, em 19 de novembro passado, devido a falhas na distribuição de água potável.

Comer o que tiver

Em relação à ausência de remédios e insumos hospitalares, a situação na rede pública continua crítica. O estudo registrou reduções de 51% em 20 dos insumos “imprescindíveis” em pronto-socorro e de 38% nos 12 exigidos em centros cirúrgicos. “Se falta algum, não se pode operar o paciente”, explicou Castro.

Vacinas, remédios e seringas são vistas no Hospital Jose Gregorio Hernandez, localizado em Caracas, na Venezuela – 20/11/2018 (Marco Bello/Reuters)

Medicamentos para a pressão arterial faltam em 57% das salas de emergência dos hospitais pesquisados, enquanto 55% dessas instituições carecem de insulina e 21%, de morfina em seus estoques, detalhou o estudo.

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Maduro atribui o desabastecimento às sanções que os Estados Unidos aplicam desde o fim de 2017, que provocam “bloqueio financeiro” para o pagamento das provisões. Washington proíbe suas empresas e cidadãos de adquirirem títulos públicos venezuelanos e sancionou o próprio Maduro e autoridades do país.

A crise hospitalar também se reflete na infraestrutura dos centros médios: 33% dos leitos estão inoperantes, um terço não funciona e 43% dos laboratórios estão fechados, segundo a pesquisa.

Enquanto isso, 95% dos hospitais não têm capacidade de fazer exames básicos, como os de Raio-X. Em  em 10% deles, não há nenhum tipo de alimento a ser servido para os pacientes internados. A regra nessas entidades é “comer o que tiver”.

A insegurança também assombra os hospitais. Durante a semana da pesquisa, houve assaltos em 45% dos centros médicos. Em 62,1%, foram registrados atos violentos contra familiares de pacientes.

(Com EFE)

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