Presidente aciona Exército após protestos ganharem força na Colômbia
Atos contra governo de Iván Duque já duram um mês; na última sexta-feira mais de 10 pessoas morreram na cidade de Cali

Após um mês de protestos contra o governo, o presidente da Colômbia, Iván Duque, decidiu enviar o Exército para a cidade de Cali, epicentro da violência no país, para tentar conter a violência. Ao todo, mais de 7.000 soldados, inclusive militares da Marinha, serão enviados à região.
Os primeiros militares chegaram na cidade localizada a cerca de 460 km a sudoeste da capital Bogotá no sábado 29. Na véspera, Cali foi palco de um dos dias mais violentos desde o início dos protestos e mais de 10 pessoas morreram.
Em uma entrevista coletiva em Cali, Iván Duque disse que estava enviando “o máximo de assistência militar” à polícia. “Essa operação quase triplicará nossa capacidade em menos de 24 horas em todo o Estado, garantindo assistência também em pontos críticos, onde vimos atos de vandalismo, violência e terrorismo urbano de baixa intensidade”, disse.
Um dos mortos na sexta-feira era um oficial de folga do gabinete do procurador-geral, que supostamente abriu fogo contra os manifestantes e matou duas pessoas antes de perder a vida. Um toque de recolher também está em vigor desde às 19h de sábado.
A calma prevaleceu após a chegada dos militares, enquanto as autoridades anunciavam o desbloqueio de várias partes da cidade que ficaram sitiadas e onde o serviço de coleta de lixo e escombros foi restaurado. Na noite de sábado, 600 caminhões com alimentos e mantimentos e diversos caminhões-tanque com combustível chegaram para abastecer a cidade, de acordo com a Presidência.
Um mês de protestos
Os protestos generalizados começaram no final de abril em oposição a uma reforma tributária já retirada, mas desde então se expandiram para exigir renda básica, oportunidades para os jovens e o fim da violência policial. Além dos atos, os manifestantes também organizaram bloqueios de estradas, que causam escassez de alimentos e suprimentos em algumas partes do país.
Há discordâncias em relação total de mortos desde o início dos protestos. A ONG Temblores e o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz) contabilizam 60 mortes, 43 atribuídas às forças de segurança. Do total de mortes, 39 ocorreram em Cali, a maioria na primeira semana de protestos.
Por outro lado, o Ministério Público conta 43 mortes, apenas “17 delas com uma ligação direta aos protestos”, e continua a procurar 123 pessoas dadas como desaparecidas durante as manifestações.
Duas semanas de negociações entre o governo e os manifestantes não levaram a nenhum acordo. Neste domingo, milhares de colombianos favoráveis ao governo de Iván Duque foram às ruas de diversas cidades para pedir o fim das manifestações e dos bloqueios de estradas, bem como expressar apoio às forças de segurança.
Preocupação internacional
O número de mortos deixados pelos confrontos do final de semana ainda não é claro. Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) recebeu relatórios de que 14 pessoas morreram e 98 ficaram feridas – 54 a tiros – em Cali na sexta-feira, motivo pelo qual expressou preocupação neste domingo, de Genebra.
“Estes fatos são muito preocupantes após o progresso que estava sendo feito para resolver a revolta social através do diálogo”, disse a alta comissária, Michelle Bachelet, que pediu uma investigação sobre todos que causaram mortes ou feriram outros, incluindo agentes do Estado, e que sejam punidos de acordo com sua responsabilidade.
A polícia reconheceu no sábado a presença de civis que “utilizaram armas de fogo indiscriminadamente contra outras pessoas” e garantiu que investigará os agentes que estavam presentes e “omitiram seu dever de evitar que esses fatos ocorressem e de capturar essas pessoas”.
(Com EFE)
Essa é uma matéria exclusiva para assinantes. Se já é assinante, entre aqui. Assine para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.
Essa é uma matéria fechada para assinantes e não identificamos permissão de acesso na sua conta. Para tentar entrar com outro usuário, clique aqui ou adquira uma assinatura na oferta abaixo
Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique. Assine VEJA.
Impressa + Digital
Plano completo da VEJA! Acesso ilimitado aos conteúdos exclusivos em todos formatos: revista impressa, site com notícias 24h e revista digital no app, para celular e tablet.
Colunistas que refletem o jornalismo sério e de qualidade do time VEJA.
Receba semanalmente VEJA impressa mais Acesso imediato às edições digitais no App.
Digital
Plano ilimitado para você que gosta de acompanhar diariamente os conteúdos exclusivos de VEJA no site, com notícias 24h e ter acesso a edição digital no app, para celular e tablet.
Colunistas que refletem o jornalismo sério e de qualidade do time VEJA.
Edições da Veja liberadas no App de maneira imediata.