Premiê da Finlândia propõe redução de jornadas de trabalho
Iniciativa tem objetivo de aumentar produtividade; país também aprovou novas medidas contra a Covid-19 nesta segunda-feira
Em uma proposta similar à apresentada recentemente pela Nova Zelândia, a primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, pediu uma redução da jornada de trabalho de oito horas diárias no país. Em um discurso nesta segunda-feira, 24, durante evento de seu partido, o Social Democrata, a líder disse que menos horas podem gerar mais produtividade.
Marin, que já havia levantado a possibilidade de uma jornada de seis horas antes de se tornar a mais jovem primeira-ministra da história do país, em dezembro de 2019, precisa convencer os outro quatro partidos que integram a coalizão que forma o governo para concretizar a proposta.
“Precisamos criar uma visão clara e passos concretos sobre como a Finlândia pode seguir para menores horas de trabalho e para trabalhadores finlandeses seguirem para melhores vidas”, disse a premiê.
Já nesta segunda-feira, a conferência partidária rejeitou uma proposta de testar uma jornada de seis horas, mas aceitou testar jornadas mais flexíveis, com possíveis cortes de carga horária.
Segundo a premiê, os cortes seriam possíveis pois aumentariam a produtividade de funcionários e não entrariam em conflito com o objetivo de aumentar a taxa de emprego no país de 73,7% para ao menos 75%.
Também nesta segunda-feira, como medida de resposta ao recente aumentos de casos da Covid-19, a Finlândia anunciou um endurecimento de restrições públicas a partir de setembro. Após ter permitido reuniões de até 500 pessoas durante agosto, novas reuniões serão limitadas a até 50 pessoas, segundo a agência administrativa estatal.
“É absolutamente necessário endurecer as restrições porque a situação epidemiológica da Finlândia mudou em uma direção desfavorável e casos confirmados de Covid-19 aumentaram durante o mês de agosto”, afirmou o governo em um comunicado.
O país soma 7.871 casos, incluindo 334 mortes, segundo autoridades sanitárias.
Desde que assumiu, Sanna tem levado o governo mais à esquerda, com aumento de aposentadorias e fim de alguns cortes de gastos impostos por governos anteriores. A proposta de corte de jornadas segue uma sugestão da primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, para reestruturar a economia do país. Em maio, ela aconselhou empregadores a estabelecerem rotinas mais flexíveis, com apenas quatro dias de trabalho por semana, o que impulsionaria o turismo local e traria maior equilíbrio e saúde mental aos funcionários nesta retomada.
A ideia surgiu de uma companhia sediada em Auckland que ganhou repercussão mundial ao implementar a medida. Em artigo a VEJA em junho, o fundador da empresa, Perpetual Guardian, que gerencia bens e testamentos, afirmou que o “importante é sempre focar na produtividade”.
“É uma forma interessante de preservar empresas e funcionários e também uma boa oportunidade para o funcionário mostrar ao chefe que é possível manter a mesma produtividade com menor tempo no expediente”, disse Andrew Barnes, autor do livro The 4 Day Week, ainda sem tradução no Brasil.
“Se os governos puderem se comprometer com isso, com o tempo veremos a produtividade permanecendo saudável enquanto as pessoas retornam a um salário completo em uma semana de 4 dias, tudo dentro de um período relativamente curto”, acrescentou.