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Povoado rebelde chinês de Wukan pede eleições democráticas

Por Da Redação
18 dez 2011, 08h15

Pequim, 18 dez (EFE).- O povoado de Wukan (sul da China), que se rebelou e expulsou as autoridades locais depois destas expropriarem suas terras, pediu neste domingo eleições democráticas e a devolução do corpo de seu líder Xue Jinbo, morto quando estava sob custódia policial.

Mais de 6 mil moradores, de uma população de 20 mil habitantes, reivindicaram eleições livres e compensações por suas terras desapropriadas, conforme informações de jornalistas enviados para a localidade da província sulina de Cantão.

Eles também pedem a entrega do corpo de Xue Jinbo, de 42 anos, que, como contam as autoridades, morreu de ataque cardíaco na semana passada.

Os familiares que viram o corpo de Xue garantiram que ele estava coberto de ferimentos e hematomas, tinha sangue no nariz, dedos quebrados e marcas de agressões nos joelhos e pés, revelou o jornal ‘South China Morning Post’.

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Apesar da censura, a informação sobre a incomum rebelião de Wukan corre como a pólvora na internet, por ser a mais prolongada e numerosa na história recente da China, com 8 mil manifestantes durante vários dias em um protesto que começou há três meses e sobre a qual o Governo perdeu o controle.

O jornal local ‘Nanfang’ informou que três ‘cyberdissidentes’ foram detidos na capital provincial, Guangzhou, quando se preparavam para iniciar um protesto a favor dos habitantes de Wukan.

Também em apoio ao povoado, o artista conceitual e dissidente chinês Ai Weiwei comentou pelo Twitter a situação vivida em Wukan, expressando de forma irônica seu temor desse processo de pedido de independência.

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Um representante dos manifestantes, Lin Zulian, ressaltou a imprensa que se eles não recuperarem o corpo de Xue Jinbo dentro de cinco dias marcharão até a vizinha Lufeng para transferir para lá seus protestos.

Como revelou uma fonte, a Polícia e os militares mantêm sitiada Wukan e impedem o acesso de alimentos e água potável, embora a população tenha mantimentos suficientes para suportar ainda um longo tempo.

Cerca de 50 milhões de camponeses perderam suas terras na última década para ceder espaço a áreas residenciais e industriais, motivo que originou os protestos maciços que duplicaram na última meia década até superar as cem mil ao ano.

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No caso de Wukan, que vive da agricultura e da pesca, os camponeses reivindicam 1.666 hectares de terrenos que foram desapropriados sem compensações.

Desde setembro, os desapropriados protestam e entram em confronto com as autoridades, as quais conseguiram expulsar de Wukan, e agora reivindicam eleições democráticas como as que supostamente ocorrem em algumas localidades chinesas como forma de ‘experiência’ política.

Os independentistas decidiram tomar o poder por sua conta há dois meses, quando iniciaram os protestos e decidiram escolher Xue Jinbo como subdiretor do comitê provisório de representantes, o que foi imediatamente classificado como ilegal pelas autoridades.

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Após meses de conflitos, as autoridades abandonaram Wukan. Os moradores garantiram que seguirão lutando, embora temam novas represálias e detenções, apesar da dificuldade que estão enfrentando para conseguir comida e sair do povoado para ir ao médico.

A presença cada vez maior da imprensa estrangeira é, segundo o porta-voz Lin, uma garantia de que a Polícia não atacará por enquanto os moradores.

Por sua vez, as autoridades estão permitindo pela primeira vez informação oficial do que ocorre à imprensa em Wukan, em panfletos bilíngues em chinês e em inglês, revelaram os jornalistas através do Twitter.

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O documento, redigido pelo Departamento de Propaganda de Shangwei, explicou que cerca de 400 moradores de Wukan protestaram em 21 de setembro em frente à sede do Governo municipal de Lufeng e expressaram seu descontentamento pelas disputas sobre as terras e as eleições.

Por esta versão, os manifestantes atacaram os policiais e as forças de segurança, assim como prédios públicos e privados – o que os moradores de Wukan negam – e detalhou que novamente convocaram protestos para novembro ‘para atrair a atenção da imprensa’.

As autoridades, que garantiram ter realizado ações rápidas para responder às demandas razoáveis dos camponeses, sustentam que Xue Jinbo morreu de ataque cardíaco. EFE

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