Porta-voz francês fala em novo Chernobyl, mas presidente defende usinas nucleares como “pertinentes”
Para Sarkozy, França está segura quanto aos seus 58 reatores, de 19 usinas
O porta-voz do governo francês, François Baroin, afirmou nesta quarta-feira que o acidente nuclear no Japão pode ter um “impacto superior a Chernobyl“. No incidente de 1986, no que hoje é a Ucrânia, problemas nos reatores espalharam toneladas de material radioativo por uma área de 150.000 quilômetros quadrados, com consequências à população e ao meio ambiente que perduram até hoje. Mesmo assim, o presidente Nicolas Sarkozy insistiu em defender publicamente a “pertinência” do uso de energia nuclear.
A declaração de Baroin foi feita com base na apresentação da ministra da ecologia francesa, Nathalie Kosciusko Morizet, no conselho de ministros da última terça-feira. Nathalie explicou a crise nuclear pela qual passa o Japão desde o terremoto e o tsunami de 11 de março, sua evolução e as dificuldades das autoridades japonesas para obter o resfriamento de quatro dos seis reatores da usina de Fukushima I. Os núcleos de três deles estão danificados, conforme admitiu nesta quarta-feira a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da Organização das Nações Unidas (ONU). Isso significa que a parte central dos reatores, aquela que contém o combustível nuclear (que pode ser urânio ou plutônio), foi atingida e há mais risco de vazamento do material radioativo.
França segura – Para Sarkozy, porém, a França está segura quanto aos seus 58 reatores, distribuídos nas 19 usinas nucleares. “A excelência técnica, o rigor, a independência e a transparência de nosso dispositivo de segurança são reconhecidos no mundo todo”, salientou. Acrescentou ainda que as “lições” que a França tira da situação que o Japão vive se traduzem em uma “revisão completa dos sistemas de segurança” de suas usinas nucleares. ” O governo se compromete em tornar esse trabalho público. Além disso, a França fornece seu apoio total à iniciativa similar lançada na Europa”, acrescentou.
Sarkozy disse também que, como presidente rotativo do Grupo dos Vinte (G20, formado pelos países mais ricos e os principais emergentes), a França tomará a iniciativa de reunir nas próximas semanas os ministros de Energia e Economia “para um debate sobre as grandes opções energéticas para o futuro”.
A declaração do presidente francês precede ao debate, anunciado para a tarde desta quarta-feira na Assembleia Nacional francesa, sobre a questão nuclear. Desse debate público participarão os ministros de Indústria, Éric Besson e Ecologia, Nathalie Kosciusko-Morizet, além de representantes da indústria nuclear do país.
(Com agências EFE e France-Presse)