As Nações Unidas estimam que cerca de meio milhão de pessoas precisarão de algum tipo de ajuda humanitária caso a crise política do Quênia não se encerre em breve. De acordo com a ONU, 255.000 quenianos já foram forçados a deixarem suas casas, e boa parte da população começa a ser ameaçada pela falta de alimentos.
União Européia e Estados Unidos fizeram um apelo neste sábado aos políticos rivais do país, para que coloquem um fim democrático e pacífico à violência que já matou mais de 500 pessoas desde os últimos dias de 2007. Com o anúncio feito durante a semana pela oposição ao presidente Mwai Kibaki, de que os protestos e quebra-quebras vão continuar, as autoridades internacionais articulam o envio do ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan ao país para mediar novas negociações de paz entre governo e oposicionistas.
Liderada pelo candidato derrotado Raila Odinga, a oposição acusa o presidente Kibaki de ter fraudado os resultados da votação em que foi reeleito, em 27 de dezembro. Desde então, o país que tem a maior economia do leste da África está às voltas com a ameaça de uma guerra civil semelhante à ocorrida em Ruanda em meados dos anos 90.
“Todos os partidos políticos do Quênia deveriam reconhecer que a situação não pode voltar a ser como era enquanto não houver um acordo para uma solução duradoura que corresponda à vontade do povo queniano”, disse a União Européia num comunicado. A Eslovênia, país que mantém atualmente a presidência da UE, reforçou as suspeitas de fraude nas eleições.
Por sua vez, o principal diplomata dos EUA para a África, Jendayi Frazer, disse que o governo norte-americano está “profundamente desapontado” pelo fato de Kibaki e seu rival Raila Odinga ainda não terem mantido conversações pessoalmente.