Policial afegão atira contra jornalistas e mata fotógrafa alemã
As duas mulheres trabalhavam para a agência de notícias AP na zona eleitoral da cidade de Khost, Leste do Afeganistão, quando foram baleadas pelo policial
Fotojornalista da agência de notícias americana Associated Press, a alemã Anja Niedringhaus, de 48 anos, foi assassinada nesta sexta-feira por um polícial afegão que abriu fogo contra ela e a veterana repórter canadense Kathy Gannon, de 60 anos. Segundo a rede BBC, Kathy ficou ferida no ataque, mas está fora de perigo. As duas jornalistas aguardavam um comboio na cidade de Khost, região no Leste do Afeganistão que faz fronteira com o Paquistão, quando o policial começou a atirar sem motivos aparentes. Ele foi rendido por outros oficiais e levado sob custódia para uma prisão.
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As jornalistas viajavam com funcionários que trabalharão nas eleições presidenciais que serão realizadas no Afeganistão neste sábado. Ameaçado pelos terroristas do Talibã, o pleito obrigou o governo a mover 200.000 tropas para evitar atentados no país. Os esforços, no entanto, têm se mostrado inúteis. A BBC reportou que a corrida presidencial para suceder Hamid Karzai é a mais sangrenta na história recente do Afeganistão. Para impedir que os ataques façam novas vítimas durante a votação, círculos de segurança estão sendo montados pelas autoridades em cada colégio eleitoral. A polícia se concentra no centro destas áreas, enquanto as tropas de segurança nacional ficam dispostas no seu entorno.
A operação militar para proteger a eleição é a maior desde que Karzai assumiu o governo no país. Restrições aos jornalistas também estão em curso, limitando inclusive as informações que podem ser transmitidas sobre cada candidato. Há oito postulantes ao posto de Karzai, sendo que os favoritos são os ex-ministros das Relações Exteriores, Abdullah Abdullah e Zalmai Rassoul, e o ex-ministro das Finanças, Ashraf Ghani Ahmadzai. Se ninguém obter mais de 50% dos votos nesta etapa do pleito, um segundo turno será necessário para oficializar o vencedor.
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A escolha de um novo presidente também interessa aos Estados Unidos, que esbarraram na relutância de Karzai em assinar um pacto de segurança que permitiria a cooperação militar entre os países, mesmo após a retirada por completo das tropas americanas e da Otan do Afeganistão. Karzai, que deixa o cargo por não poder concorrer a um terceiro mandato consecutivo, se inclinou recentemente a negociar com um acordo de paz com os terroristas do Talibã, o que frustrou a administração do presidente Barack Obama. A expectativa é de que o novo governo aceite discutir com Washington a permanência de um contingente de 10.000 soldados americanos que terão a missão de auxiliar as forças afegãs no combate contra a insurgência islâmica.