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Policiais crucificaram manifestantes em antena no Chile

Agentes de segurança são acusados de tortura e abuso sexual; saldo dos protestos aponta 18 mortos, 584 feridos e 2.600 presos no país

Por Da Redação
25 out 2019, 13h39

Três homens e um adolescente de 14 anos foram presos por policiais e “crucificados” em uma antena da delegacia da região de Peñalolén, no Chile, durante as manifestações contra o governo dos últimos sete dias. O Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH) do país recebeu 31 reclamações judiciais de novos casos violações cometidos na madrugada de quarta-feira, 23. Entre elas, a de uso de uma estação de metrô desativada em Santiago como centro de tortura e de abusos sexuais por agentes das forças de segurança.

Os casos de crucificação ocorreram na madrugada de segunda-feira 21, quando as vítimas foram acusadas de roubo. Elas foram agredidas com spray de gás de pimenta e golpes. O INDH confirmou em sua conta no Twitter que os homens foram posteriormente amarrados na estrutura metálica da delegacia. A Justiça chilena emitiu uma ordem de afastamento contra os policiais envolvidos, que foram proibidos de se aproximar das vítimas.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, a polícia chilena confirmou a existência de investigação sobre o crime, sem dar detalhes. Também reiterou haver denúncias de violações de direitos humanos. Outra investigação aberta se refere às acusações de que a estação de metrô Plaza Baquedano, em Santiago, desativada desde o início dos protestos, está sendo utilizada pela polícia como centro de tortura e agressões físicas. Mas, até o momento, a perícia realizada por dois delegados e uma integrante do INDH não encontrou provas das acusações

O INDH também denunciou em reclamações formais nove casos de violência sexual praticada por policiais em detidos, incluindo em um menino que estava acompanhado do tio. Seis pessoas foram obrigadas a ficar nuas e realizar agachamentos nas delegacias, enquanto duas mulheres foram ameaçadas de estupro por policiais e militares. Uma outra foi tocada nas partes íntimas.

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Nem os funcionários do próprio instituto ficaram ilesos aos ataques da polícia, que disparou jatos d’água e bombas de gás lacrimogêneo contra um grupo de três observadores do INDH, ainda no fim de semana. De acordo com o instituto, eles estavam devidamente equipados e identificados, com coletes e capacetes amarelos oficiais.

Após sessão na Comissão de Direitos Humanos do Senado nesta quinta-feira, 24, o diretor-geral da Polícia Militar, Mario Rozas, afirmou haver “protocolos de atuação” que garantem o encaminhamento das investigações. Rozas negou o uso da palavra “repressão”, reiterando que a polícia utiliza o termo “controle da ordem pública” para justificar sua atuação na contenção dos protestos, incluindo o uso de balas de borracha contra manifestantes, que faz parte de um protocolo padrão.

Segundo dados oficiais, os embates já deixaram 18 mortos. Mas, de acordo com o INDH, há casos de mortes ainda não denunciados. No último balanço divulgado na tarde de quinta-feira pelo INDH, 2.600 pessoas estão detidas em todo o país desde o dia 18, entre elas quase 300 crianças e adolescentes. Do total de 584 pessoas feridas, 245 foram por armas de fogo.

O instituto abriu 59 ações judiciais, sendo cinco delas por casos de homicídios cometidos pelas forças policiais e do Exército chileno, que também trabalha nas ruas desde o decreto de estado de emergência em diversas regiões do país. 

A ex-presidente do Chile e alta-comissária das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, determinou na quinta-feira o envio de uma missão da organização para investigar os casos.

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(Com Estadão Conteúdo)

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