Polícia americana prende brasileira que participou do ataque ao Capitólio
Imagens e mensagens de celular comprovam que Letícia Vilhena Ferreira, de 32 anos, pró-Trump, atuou no motim que questionava a eleição de Joe Biden
Pouco mais de um ano após a invasão do Capitólio, principal símbolo do poder político dos Estados Unidos, na capital Washington, uma brasileira foi presa na última quarta-feira, 16, acusada de ter participado do motim. Letícia Vilhena Ferreira, de 32 anos, que mora na cidade de Indian Head Park, no estado de Illinois, foi flagrada por câmeras dentro da sede do Legislativo americano quando o prédio foi tomado por apoiadores do ex-presidente Donald Trump, em 6 de janeiro de 2021. Os invasores contestavam a vitória de Joe Biden alegando fraude nas votações – o que foi desmentido pelas principais autoridades daquele país.
Na mira das autoridades dos Estados Unidos desde o ano passado, Letícia, além de ter sido flagrada junto com manifestantes enfurecidos pró-Trump dentro do Capitólio, deixou outros rastros que comprovaram a sua participação no ataque. Os investigadores constaram, em mensagens trocadas pela brasileira em seu celular, que no dia seguinte à invasão ela tratava do assunto abertamente e afirmara que foi “irresponsável” ao se envolver daquela forma.
Em um trecho, a brasileira pergunta ao interlocutor “Você acha que eles vão atrás de todos que estiveram no Capitólio?”. A resposta do amigo, foi enfática: “Sim, eles vão atrás de todas aquelas pessoas”. Em seguida, ela se mostra temerosa com o que possa acontecer. “Eu fui tão irresponsável de andar até lá. Eu estava com uma família legal. Um senhor e dois filhos. Caminhada pacífica”, completa Letícia.
Agora em poder das autoridades americanas, a brasileira é acusada de entrar ou permanecer conscientemente em qualquer prédio ou terreno restrito sem autorização legal; e entrada violenta e conduta desordeira nos terrenos do Capitólio. Imagens anexadas ao processo mostram Letícia no interior do prédio misturada à multidão, vestindo uma jaqueta camuflada e um gorro vermelho com o nome do então presidente Trump. Num dos vídeos, a brasileira ainda aparece na cripta da sede do Legislativo americano, local onde os manifestantes pararam e gritaram palavras de ordem como “nossa casa” e “pare o roubo”.
Durante a invasão, apoiodores deTrump, alguns com barras de ferro, ameaçaram congressistas e atacaram fisicamente policiais que tentavam impedir o motim. De acordo com a denúncia, Letícia aparentemente não teve participação em nenhuma dessas agressões.
Pelo menos dois manifestantes e três policiais morreram nos dias seguintes ao ataque ao Capitólio. Outros 140 policiais ficaram feridos. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos já prendeu e indiciou mais de 725 pessoas em quase todos os 50 estados do país, mas muitos já foram soltos ou cumpriram penas reduzidas. Há ainda, no entanto, outros que continuam presos aguardando julgamento.