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Polêmico ex-prefeito de Londres é favorito para suceder a Theresa May

Nem baixarias domésticas nem a falta de propostas claras impedem que Boris Johnson continue como candidato mais cotado a liderar o Partido Conservador

Por Caio Mattos
Atualizado em 1 jul 2019, 16h51 - Publicado em 28 jun 2019, 07h00

Político de astúcia incontestável por trás do ar bufão, Boris Johnson, 55 anos, o loiro descabelado que se tornou o candidato mais cotado a liderar o Partido Conservador e substituir a primeira-ministra Theresa May, tem se desviado com destreza do assunto que caiu na boca do povo: a presença da polícia no apartamento de sua namorada, Carrie Symonds, 31, para apartar uma briga do casal. “Ninguém quer ouvir falar disso”, esquivou-se ele em uma entrevista ao vivo no sábado 22, em Birmingham. Não são só as questões sobre a vida pessoal que Johnson dribla como um craque. Ele também não explica como pretende abordar o acordo para o Brexit que está empacado na mesa de negociação, nem como vai agir se e quando o país sair mesmo da União Europeia. Só é categórico em um ponto: caso as duas partes não cheguem a um consenso, o Reino Unido deixará a UE na marra em 31 de outubro. Soa como música para a maior parte dos 160 000 filiados ao Partido Conservador que, nas próximas semanas, elegerão o novo líder partidário — e, por tabela, o novo primeiro-ministro.

Segundo analistas, a estratégia de Johnson será, à la Donald Trump, tentar encostar o adversário na parede: aposta que os líderes da UE vão se sentar e combinar uma transição depois do fatídico fim de outubro porque estão de olho nos quase 40 bilhões de libras que a comunidade vai receber como indenização e porque não querem ver a delegação de radicais pró­-Brexit eleita no fim de maio pôr as mangas de fora no Parlamento Europeu. Falta combinar com a UE, que, de sua parte, pode fazer pé firme no acordo que fechou com Theresa May — derrotado três vezes no Parlamento britânico — e esperar o Partido Conservador implodir e novas eleições gerais serem convocadas. A ausência de claras perspectivas de fim da crise que engolfa o país há três anos não parece deter a vitória de Boris. “Johnson é um show­man natural e impulsivo e se conecta com grande parte dos conservadores desiludidos com a falta de uma liderança forte”, diz o cientista político Tim Oliver, da Universidade de Loughborough.

Ex-prefeito de Londres e ex-­ministro das Relações Exteriores, Johnson é conhecido pela capacidade de fazer e falar bobagem, balançar, aprumar-se e seguir em frente como se nada houvesse. Egresso de dois casamentos, foi gravado aos berros com Carrie na noite da sexta 21, em meio ao som de louça quebrada e portas batendo e gritos dela de “me larga” e “cai fora do meu apartamento”. Um casal de vizinhos que por coincidência milita na esquerda chamou a polícia e repassou tanto a gravação quanto a batida policial para a imprensa. Desde então, o casal já posou reconciliado.

A repercussão da briga chegou a afetar a situação de Johnson nas pesquisas, mas nada que ameace sua larga folga em relação ao adversário, Jeremy Hunt, o atual ocupante do Ministério das Relações Exteriores. Hunt é contra a saída da UE sem acordo — ato precursor do que se prevê ser um período de caos e prejuízos generalizados. Insiste em continuar negociando com os europeus e já chegou a se manifestar a favor da permanência do Reino Unido no bloco. Sensato demais para britânicos à beira de um ataque de nervos.

Publicado em VEJA de 3 de julho de 2019, edição nº 2641

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