Pesquisa aponta vantagem de democratas em eleições legislativas nos EUA
Trump acusa secretário de Justiça de prejudicar candidaturas de deputados republicanos
Uma pesquisa realizada pelo jornal The Washington Post em parceria com a emissora ABC News mostrou que os democratas apresentam uma boa vantagem em relação aos republicanos em intenções de votos, pouco mais de dois meses antes das eleições legislativas de meio de mandato nos Estados Unidos.
Segundo os resultados divulgados nesta terça-feira 45,2% dos eleitores entrevistados votarão em um candidato do Partido Democrata, contra 38% que escolherão um republicano para o Congresso.
A pesquisa também mostrou uma grande frustração com o sistema político em geral. Mais de seis em cada dez americanos dizem que o presidente Donald Trump e o Partido Republicano estão fora de sintonia com a maioria das pessoas no país. Para 51% dos entrevistados, os democratas também estão desconectados de seus eleitores.
As eleições de meio de mandato, conhecidas como “midterm elections”, são realizadas a cada quatro anos nos Estados Unidos. Neste ano, acontecerão em 6 de novembro.
Os eleitores americanos deverão votar para escolher 435 deputados e 34 dos 100 membros do Senado. Além disso, muitos estados elegerão seus governadores e escolherão quem ocupará outros cargos da legislatura estadual. Eleições municipais também são realizadas na mesma data.
A votação de novembro promete ser um grande teste para o presidente Donald Trump e o Partido Republicano. Atualmente, os republicanos detêm a maioria dos assentos do Congresso, mas se os resultados continuarem favoráveis aos democratas as forças podem se inverter nos próximos anos.
Acusações de Trump
Na segunda-feira 3, Trump realizou um novo ataque ao secretário de Justiça, Jeff Sessions, acusando-o de pôr em perigo as chances de reeleição de dois deputados republicanos ao apresentar acusações contra eles pouco antes das eleições.
Trump escreveu no Twitter que a decisão do Departamento de Justiça de apresentar acusações vai prejudicar assentos republicanos seguros na Câmara dos Deputados.
“Duas investigações de longa duração da era Obama sobre dois deputados republicanos muito populares foram levadas para uma acusação muito divulgada, pouco antes das eleições, pelo Departamento de Justiça de Jeff Sessions”, escreveu o presidente republicano.
“Duas vitórias fáceis agora em dúvida porque não há tempo suficiente. Bom trabalho, Jeff…”.
A porta-voz do Departamento de Justiça, Sarah Isgur Flores, se negou a comentar sobre os tuítes de Trump, que não nomeavam os deputados.
Em 8 de agosto, o deputado Christopher Collins, um republicano que foi o primeiro a apoiar Trump na Câmara quando o presidente era candidato, foi acusado de participar de um esquema de uso de informações privilegiadas envolvendo uma companhia australiana de biotecnologia em cujo conselho trabalhava.
Collins negou qualquer ato irregular, mas não vai tentar reeleição.
Em 23 de agosto, o deputado republicano Duncan Hunter foi indiciado por acusações de que usou, junto de sua esposa, milhares de dólares em fundos da campanha para pagar viagens, videogames e outras despesas pessoais, além de ter preenchido relatórios falsos de finanças da campanha, disseram autoridades federais.
Hunter, o segundo congressista a apoiar Trump para a Casa Branca, negou qualquer ato irregular, e uma pesquisa de opinião recente o colocava na liderança para a eleição.
Apesar da queixa de Trump de que ambas investigações começaram durante o governo do presidente democrata Barack Obama, Collins foi acusado por transações feitas em junho de 2017 — quase seis meses depois de Trump assumir. A investigação sobre Hunter começou durante o governo Obama.
O senador Brian Schatz, um democrata, questionou os comentários de Trump e a legalidade deles. “Ele não esconde como vê a lei, a aplicação da lei, a Justiça. Em seu mundo elas fizeram um juramento a ele, não à Constituição e às regras”, escreveu Schatz no Twitter.
O presidente tem repetidamente atacado Sessions por ter se afastado de uma investigação sobre a interferência russa na eleição presidencial de 2016. Após o afastamento, o vice-secretário de Justiça, Rod Rosenstein, nomeou o procurador especial Robert Mueller para liderar a investigação, o que Trump chama de uma “caça às bruxas”.
Na semana passada, Trump disse à Bloomberg que o secretário de Justiça está seguro no cargo até novembro, mas se negou a dizer se vai manter Sessions no cargo após isto.
O presidente tem repetidamente negado qualquer conluio entre sua campanha e Moscou. Agências da inteligência dos Estados Unidos concluíram que a Rússia tentou ajudar Trump a vencer a eleição de 2016, mas o Kremlin nega envolvimento.
(Com Reuters)