Ferida aberta
Em 2009, o ex-vice presidente Victor Hugo Cárdenas, um aimará, teve a casa às margens do lago Titicaca invadida por militantes do MAS, o partido de Evo Morales. Ele escapou porque estava dando aulas na capital. Mas sua filha, então com 16 anos, seu filho, a esposa e um sobrinho foram golpeados com paus e chicotes. O crime foi uma retaliação por Cárdenas ter dado declarações contra a nova constituição, aprovada em referendo em 2009. Mesmo um ano após o ocorrido, sua filha ainda acorda sobressaltada durante a noite com medo de sofrer novas brutalidades. “O terapeuta disse que isso pode durar a vida toda”, diz.
O sumiço dos votos
O mecânico de origem aimará Pedro Ninaja concorreu às eleições para prefeito da cidade de Achocalla, nas proximidades da capital La Paz. Ganhou a eleição com 32% dos votos pelo partido local LUS-1S. O resultado foi divulgado no site da Corte Nacional Eleitoral no dia 10 de abril. Cinco dias depois, os números foram alterados para beneficiar o MAS, de Morales. Votos de uma urna desapareceram. Ninaja reclamou para a Corte, sem efeito. “As pessoas de Achocalla sabem que é uma trapaça. Se continuar assim, Morales não conseguirá terminar o mandato”, diz ele, que apoiou o presidente nas últimas duas eleições presidenciais.