Perícia indica que não havia pólvora na mão de Nisman
Responsável pela investigação da morte afirma que ausência de traços de pólvora pode ser consequência do fato de a arma usada ser de baixo calibre
O teste para determinar se havia traços de pólvora nas mãos do procurador-geral argentino Alberto Nisman “deu negativo”, informou nesta terça-feira Viviana Fein, a promotora que investiga a morte, após o corpo dele ter sido encontrado com um disparo na cabeça em seu apartamento em Porto Madero, uma área nobre de Buenos Aires.
“Por ser uma arma de calibre pequeno, 22 e não uma arma de guerra, normalmente isso provoca que a varredura eletrônica não indique resultados positivos”, argumentou Fein à rádio Mitre após explicar que as perícias deram negativo. “Isso não descarta que ele mesmo a tenha disparado”, acrescentou a promotora, que pediu que seja esperado o resultado de todos os exames solicitados, entre eles o de DNA do sangue achado na arma.
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Há motivos, no entanto, para manter o ceticismo diante da hipótese de suicídio. O promotor havia sido alvo de ameaças – em uma ocasião, um recado foi deixado em sua secretária eletrônica advertindo que ele seria caçado e levado a uma prisão iraniana. Além disso, a denúncia contra Cristina apresentada na quarta-feira e a audiência marcada para esta semana no Congresso com o objetivo de apresentar mais detalhes representava o coroamento de um trabalho de investigação iniciado há mais de dez anos.
O promotor Alberto Nisman foi encontrado morto na madrugada de segunda-feira em seu apartamento em Puerto Madero, Buenos Aires. Na última semana, ele havia apresentado uma longa denúncia envolvendo a presidente Cristina Kirchner e vários apoiadores, segundo a qual o governo agiu para acobertar iranianos envolvidos no atentado contra a sede do centro judaico Amia, em julho de 1994, que deixou 85 mortos.
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A morte do procurador-geral provocou forte comoção na sociedade argentina. Ontem, milhares de pessoas manifestaram-se pelas redes sociais, sob a frase #YoSoyNisman, e foram às ruas das principais cidades do país para pedir justiça.
(Com agência EFE)