Passinho à frente: Donald Trump na Coreia do Norte
Ao pisar no país de Kim Jong-un, presidente americano fez o que nunca um antecessor seu se atreveu a fazer
Showman até o último fio do loiro topete, o presidente Donald Trump, assim como quem não quer nada, publicou um tuíte ao ditador norte-coreano Kim Jong-un; já que ele estava no Japão e ia dar uma passada na Coreia do Sul, que tal se os dois se encontrassem? Mais: e se fosse na Zona Desmilitarizada (DMZ), uma estreita faixa de terra que separa as duas Coreias, guardada de parte a parte pelas armas e tropas mais letais do mundo. Kim disse sim e lá se foram os dois apertar as mãos, sorridentes, em plena DMZ — como se não tivessem interrompido abruptamente o encontro anterior, no Vietnã, e ido embora de cara amarrada. Aí Trump fez o que nunca um presidente americano havia se atrevido a fazer. Subiu no degrau baixo de concreto que delimita as duas áreas, desceu do outro lado e deu vinte passos dentro da Coreia do Norte, uma nação “inimiga” — a guerra entre o Norte e o Sul nunca acabou formalmente. “Isso não seria possível se não tivéssemos uma excelente relação pessoal”, disse Kim. “Se você não tivesse aparecido, a imprensa cairia em cima de mim. Agradeço por ter ajudado nós dois a causar boa impressão”, rebateu Trump, ressaltando o caráter “lendário, histórico” da ocasião. Prova de que não houve muito planejamento no encontro foi a correria de fotógrafos em busca de bons ângulos. A nova secretária de imprensa, Stephanie Grisham, recém-saída do ameno gabinete de Melania Trump, levou até uns empurrões. Agora cabe aos negociadores chegar a um acordo sobre a desnuclearização do Norte que permita a Trump e Kim assinar um tratado, de fato, lendário.
Publicado em VEJA de 10 de julho de 2019, edição nº 2642
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