Andrés Mourenza.
Atenas, 10 mai (EFE).- O líder do partido socialista Pasok e ex-ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, deu nesta quinta-feira o primeiro passo para a formação de um governo de união nacional na Grécia, após receber o apoio dos centro-esquerdistas do grupo Dimar.
O presidente grego, Karolos Papoulias, outorgou hoje a Venizelos, como líder da terceira força política resultante das eleições do domingo, a incumbência de explorar as possibilidades para a formação de um Executivo de coalizão.
Os socialistas são a terceira formação que recebe essa missão, depois que nesta semana fracassaram os conservadores da Nova Democracia (ND) e os esquerdistas da Syriza, primeiros e segundos no pleito, respectivamente.
O chefe do Pasok iniciou os contatos reunindo-se com Fotis Kouvelis, líder da Esquerda Democrática (Dimar), considerada estratégica para a formação de um governo por sua moderação e por que seus 19 deputados bastam para que uma aliança entre a ND e o Pasok consiga dirigir o país.
No Parlamento resultante das eleições do domingo, a ND dispõe de 108 cadeiras (50 delas por ser o partido mais votado); a Syriza, 52; o social-democrata Pasok, 41; o nacionalista Gregos Independentes, 33; o Partido Comunista, 26; os neonazistas da Aurora Dourada, 21, e a Dimar, 19.
‘A proposta da Dimar é quase idêntica ao nosso ponto de vista. A primeira reunião no marco da minha missão de formar um governo é um bom augúrio’, disse Venizelos após a reunião com Kuvelis.
‘Nossa proposta é formar um governo de união nacional com todos os partidos pró-europeus’, acrescentou o líder social-democrata.
Venizelos reconheceu que não era otimista em relação aos contatos que realizará com os líderes das demais formações, mas reafirmou que os gregos querem ‘estabilidade’ e não novas eleições.
Kuvelis, por sua parte, explicou que sua proposta ao Pasok foi a formação de ‘um governo de salvação nacional com amplo apoio parlamentar’, e seus principais objetivos seriam ‘manter o país na União Europeia (UE) e na zona do euro’.
Além disso, a Grécia deveria ‘desacorrentar-se progressivamente da política do memorando’ pelo qual estabeleceram as medidas de austeridade que precisa aprovar para receber o segundo plano de resgate.
‘A Esquerda Democrática não exige ministérios, lhe basta a satisfação de ter contribuído à formação de um governo que respeite a vontade das urnas’, salientou Kuvelis.
No entanto, Venizelos assegurou que estes contatos ‘serão muito úteis para formar um governo por iniciativa do presidente da República’, em referência ao último instrumento que a Grécia terá para formar um Executivo de coalizão, no meio do fragmentado Parlamento saído das urnas.
Esta referência indica que o Pasok poderia devolver o mandato sem formar governo para que o presidente lidere a iniciativa.
Se isto também não tiver efeito, o país se veria obrigado a repetir as eleições, provavelmente no dia 10 ou 17 de junho.
Segundo uma pesquisa publicada hoje em Atenas pelo Instituto MARC, o principal beneficiado pelas novas eleições seria a Syriza, que ganharia com 27,7%, 11 pontos percentuais a mais que nas eleições do domingo passado.
Na segunda posição estaria a ND, com 20,3%, 2,5 pontos a mais que no domingo, enquanto o Pasok perderia um ponto para ficar com 12,6%.
De acordo com esta pesquisa, os demais partidos manteriam em maior ou menor medida as porcentagens alcançadas no domingo passado.
Na manhã desta sexta-feira, Venizelos se reunirá com o líder da ND, Antonis Samaras, e em seguida com o líder da Syriza, Alexis Tsipras.
Também acontecerá um conselho político do Pasok para decidir sobre a política a seguir nos próximos dias.
O partido Gregos Independentes e o Partido Comunista já se recusaram a reunir-se com Venizelos, enquanto o próprio Pasok rejeita encontrar-se com a Aurora Dourada, boicotada pelas demais formações.
A Bolsa de Atenas recebeu o desenvolvimento dos eventos políticos de hoje com uma alta de 4,19% em seu índice geral, recuperando-se das elevadas perdas do início de semana, quando chegou a um mínimo que não havia registrado em 20 anos. EFE