Abidjan, 1 dez (EFE).- O partido do ex-presidente da Costa do Marfim Laurent Gbagbo criticou a transferência na terça-feira para o Tribunal Penal Internacional (TPI) de seu antigo líder para ser julgado por crimes contra a humanidade e tachou a ação de ‘ataque político judicial’, informou nesta quinta-feira a imprensa local.
Em comunicado divulgado na quarta à noite, a Frente Patriótica Marfinense (FPI), que era liderada por Gbagbo, afirmou que ‘a presunção de inocência a que todo ser humano tem direito’ está sendo violada.
O FPI ressaltou ainda que transferir Gbagbo ‘enquanto as investigações transcorrem representa um sequestro político semelhante ao exílio forçado sob o pretexto de ordem de detenção internacional’, e acusou o atual presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, de ter subornado o TPI.
Em sinal de protesto, ‘o FPI decidiu suspender sua participação de qualquer processo de reconciliação e anunciou a ruptura do diálogo com o atual Governo da República e seus aliados’.
Após ter governado a Costa do Marfim por dez anos (entre 2000 e 2010), Gbagbo enfrentou quatro acusações de crimes contra a humanidade, supostamente cometidos em seu país entre 16 de dezembro de 2010 e 12 de abril de 2011 nos conflitos provocados por ele não aceitar sua derrota eleitoral para Ouattara. O período de violência pós-eleitoral provocou 3 mil mortes e mais de 150 estupros.
Os delitos, entre os quais figuram assassinatos, atos desumanos, perseguição e estupros, tinham como alvos simpatizantes de Ouattara e foram cometidos supostamente pelos subordinados e seguidores de Gbagbo, pelo qual o ex-presidente foi acusado por sua responsabilidade ‘indireta’.
Já o primeiro-ministro do Governo de Ouattara, Guillaume Soro, justificou a transferência de Gbagbo para o TPI pela ‘ausência de arrependimento e a falta de humildade do ex-presidente, além da recusa do FPI de participar das eleições legislativas de 11 de dezembro.
Soro acusou Gbagbo de impedir o processo de normalização com estímulos aos extremistas e pelo fato de se negar a manter um diálogo com o presidente Ouattara durante sua detenção. EFE