Parlamento confirma ex-presidente Medvedev como premiê
Nos últimos quatro anos, ele ajudou a preparar a volta de Putin ao poder
A Câmara Baixa (Duma) do Parlamento russo confirmou nesta terça-feira, por ampla maioria, o ex-presidente Dimitri Medvedev como primeiro-ministro, pouco depois de ter sido nomeado para o cargo pelo novo chefe de estado, Vladimir Putin. Medvedev recebeu o apoio de 299 deputados da Duma, com 144 votos contrários, selando assim um processo de troca de funções com Putin, que até domingo era o primeiro-ministro da presidência de Medvedev.
“Agradeço por sua confiança. Vou trabalhar, sem poupar esforços, para cumprir as promessas que foram feitas pelo presidente da Rússia e por mim. Estou convencido de que, se trabalharmos juntos, podemos conseguir resultados”, disse Medvedev a diversas forças políticas representadas na Duma.
Em seguida, o presidente Putin assinou o decreto confirmando a nomeação do novo chefe de governo. “Tenho certeza de que Dimitri Medvedev estará aberto a uma cooperação construtiva com todos os partidos, com todos os movimentos políticos”, declarou. Além do cargo de primeiro-ministro, Putin cederá no final de maio a Medvedev o cargo de líder do partido governista Rússia Unida, legenda integrada por burocratas que também deverá ser reformada, algo que muitos consideram uma missão impossível.
Pupilo – Com 46 anos e advogado de formação, Medvedev recebeu o cargo como prêmio por sua lealdade durante os quatro anos em que presidiu o Kremlin (2008-2012), mandato durante o qual cumpriu com todo o rigor a vontade de seu mentor. Tudo aponta que Medvedev, acusado por seus críticos de ter falta de personalidade, será um primeiro-ministro no estilo de Mikhail Fradkov (2004-2008), que se limitava a pôr em prática todas e cada uma das ordens dadas pelo então presidente, Putin.
Seus quatro anos como presidente quase não mudaram sua imagem de otlichnik (estudante modelo) e fã de frases de impacto, características que lhe impediram de fugir um pouco da sombra de Putin, a quem conheceu há 20 anos. Ambos se graduaram em Direito em São Petersburgo e trabalharam juntos na prefeitura local entre 1990 e 1996. Em 1999, Putin o nomeou chefe-adjunto da administração do gabinete de ministros e, seguidamente, presidente do Conselho de Diretores do consórcio de gás Gazprom.
Medvedev não conseguiu criar uma imagem de líder nacional e é considerado pela maioria dos russos como mais um tecnocrata e um intelectual urbano do que um político carismático. Ele já antecipou que pretende “renovar consideravelmente a composição do atual gabinete”, mas garantiu que no novo Executivo “deve haver gente que garanta a continuidade” – ou seja, os homens leais a Putin deverão manter suas pastas.
(Com agências EFE e France-Presse)