Paraguai: OEA considera situação tranquila, apesar do momento político delicado
Missão avalia o recente impeachment de Fernando Lugo da Presidência do país
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, classificou nesta segunda-feira como tranquila, embora delicada, a situação no Paraguai, onde se encontra em missão de avaliação depois do recente impeachment de Fernando Lugo da Presidência do país. Insulza e os delegados da OEA fizeram reunião com Lugo, Federico Franco e José Fernández Estigarribia, atual ministro das Relações Exteriores.
Insulza esclareceu que sua missão é meramente informativa e que cabe ao Conselho Permanente e à Assembleia Geral da OEA tomar decisões sobre o Paraguai. Mas ele garantiu que, de qualquer maneira, nenhuma decisão será adotada pelo Mercosul e pela Unasul. “Independente da satisfação ou descontentamento, a situação está tranquila. Não me atrevo a qualificá-la como grave, mas como delicada”, disse o diplomata.
“Se de alguma coisa eu agradeço à delegação é que esta é a primeira vez que nos permitem expor. Este é o espírito que espero que seja introduzido em outros organismos internacionais”, declarou Estigarribia depois do encontro, em alusão à suspensão do Paraguai do Mercosul e da União de Nações Sul-americanas (Unasul). “As instituições estão plenamente vigentes, as tropas estão em seus quartéis, a polícia garante a ordem, há absoluta liberdade de imprensa e não há presos políticos”, ressaltou o chanceler.
A missão, que inclui os representantes de Estados Unidos, Canadá, México, Honduras e Haiti da OEA, também marcou reuniões com as direções das duas câmaras do Legislativo, com representantes do Poder Judiciário e com o líder do Partido Liberal, Blas Llano.
‘Golpe’ – Nesta segunda-feira, Lugo saiu da reunião com Insulza sem falar com a imprensa. Em seguida, almoçou com uma delegação da Esquerda Unitária Europeia-Esquerda Verde Nórdica do Parlamento Europeu, liderada pelo espanhol Willy Meyer. Em uma tensa entrevista à rádio Primero de Marzo, Meyer denunciou o que chamou de “golpe de estado” a Lugo após um “julgamento sumaríssimo inaceitável” e comparou o novo presidente ao ditador espanhol Francisco Franco. “Estamos com outro Franco, outro Franquito que apareceu aqui no Paraguai. Não temos nenhuma intenção de dar respiro às pessoas que, contra o povo, se levantam e depõem um presidente eleito”, declarou.
(Com agência EFE)