Agus Morales.
Islamabad, 12 dez (EFE).- O Paquistão lembrará 2011 como o ano no qual os Estados Unidos lançaram uma ofensiva no país para encontrar Osama Bin Laden, que acabou morto por comandos americanos numa cidade próxima a Islamabad.
Na madrugada do dia 2 de maio, 23 integrantes da força especial da Marinha americana, os Seals, chegaram no Paquistão em dois helicópteros e localizaram o líder da Al Qaeda em Abbottabad.
O refúgio de Bin Laden ficava a poucos quilômetros da principal academia de cadetes do Paquistão, Kakul. As chancelarias ocidentais já suspeitavam que o homem mais procurado do mundo estava se escondendo no país.
O episódio significou um golpe para o Exército e a inteligência do Paquistão. O então chefe da CIA, Leon Panetta, acusou as forças de segurança do país de ou serem incompetentes ou estarem envolvidas no episódio.
Após o incidente, o Exército paquistanês se aproximou ainda mais da China e diminuiu sua cooperação com os EUA e o Ocidente na luta antiterrorista e na reconstrução do Afeganistão.
O caso Bin Laden foi o mais famoso, mas vários outros eventos afastaram Islamabad de Washington e mostraram que o interesse cada vez mais irreconciliável dos EUA e do Paquistão na região.
No final de janeiro, um espião americano, Raymond Davis, foi detido na cidade de Lahore após matar dois motoristas armados que o perseguiam.
Após semanas de negociações, Davis foi libertado em troca do pagamento de indenizações para a família das vítimas, mas o fato despertou o antiamericanismo no Paquistão.
A tensão atingiu seu auge em 24 de novembro, quando forças da Otan atacaram acidentalmente uma região na fronteira do Paquistão com o Afeganistão e matou 24 soldados.
As autoridades do país ficaram irritadas e fecharam o país para a entrada de tropas estrangeiras estabelecidas no Paquistão e exigiram a retirada da base área de Shamse, localizada em seu território.
O último ato de Islamabad foi se recusar a participar da reunião para discutir o futuro do Afeganistão, realizada em 5 de dezembro em Bonn, na Alemanha.
Paquistão tomou esta decisão em represália pelo ataque da Otan, mas disse também que se negava a colaborar no processo de paz do país vizinho.
Fontes de Islamabad e da comunidade internacional consultadas pela Efe afirmaram, no entanto, que antes do ataque da Aliança o Paquistão já estava incomodando com a realização da reunião, que contaria com a participação da Índia, inimiga histórica do país.
Por tudo isso, Islamabad, que foi um aliado imprescindível do ex-presidente americano, George W. Bush, na luta contra o terror, agora é suspeito de financiar grupos jihadistas. EFE