Papa se comove com vítimas de pedofilia e volta a condenar o aborto e a eutanásia
Em seu penúltimo dia em Londres, Bento XVI visita asilo participa de vigília no Hyde Park
Manifestantes se reuniram no Hyde Park para protestar contra a Igreja Católica
O Papa Bento XVI se reuniu a portas fechadas neste sábado com um grupo de vítimas de abusos sexuais cometidos por membros do clero. A visita marcou o penúltimo dia da visita da viagem do pontífice ao Reino Unido.
“O Santo Padre encontrou-se com um grupo de pessoas que foram sexualmente abusadas por membros do clero”, informou o comunicado, acrescentando que o encontro ocorreu na embaixada do Vaticano em Londres. “Ele ficou comovido pelo que disseram e expressou seu profundo pesar pelo que as vítimas e seus familiares sofreram.”
Mais cedo, Bento XVI já havia abordado os escândalos de pedofilia ao mencionar o “imenso sofrimento causado pelo abuso de menores” e expressou seu “profundo pesar às vítimas inocentes desses crimes atrozes” em missa no Palácio de Westminster.
Na celebração, o Papa admitiu então que a Igreja não foi suficientemente vigilante ou rápida e firme para impedir e tratar dos abusos sexuais contra crianças, que provocaram uma enxurrada de denúncias contra padres católicos no mundo todo.”Da mesma forma, reconheço com vocês a vergonha e a humilhação que todos sofremos por causa desses pecados”, disse.
Outro compromisso papal foi no Asilo São Pedro, uma residência para terceira idade no centro de Londres, onde reafirmou seu discurso contra o aborto. “A vida é um dom único, em todas suas etapas, da concepção até a morte natural, e Deus é o único para dá-la e exigi-la”,disse.
O Sumo Pontífice também condenou a eutanásia em sua visita ao asilo, citando João Paulo II como exemplo.”Seu bom humor e paciência quando enfrentou seus últimos dias foram um exemplo extraordinário para todos que devem carregar o peso da idade avançada”, disse Bento XVI.
Suas declarações têm uma repercussão especial no Reino Unido, onde provocou muita polêmica em fevereiro passado, ao criticar um projeto destinado a legar o suicídio assistido, que estava sendo examinado então pelo parlamento escocês.
Manifestação – Paralelo ao encontro do Papa com as vítimas, milhares de pessoas se manifestavam em Londres contra sua passagem pelo Reino Unido. Entre 2.000 e 3.000 pessoas, segundo a polícia, e cerca de 10.000, de acordo com os organizadores, estivera nas proximidades do Hyde Park.
Os manifestantes se dirigiram a Downing Street, a rua fechada onde se encontra a residência oficial do primeiro-ministro britânico. O movimento foi convocado por uma coalizão de defensores dos direitos dos homossexuais e da ordenação de mulheres ou britânicos incomodados pelo alto custo da visita para o contribuinte.
Com relação à manifestação, o porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi, declarou aos jornalistas que não estava muito surpreso.”Já esperávamos, sabemos que existem grupos que criticam o Papa e o Vaticano e têm o direito de expressar seu desacordo”, afirmou.
Beatificação – O ponto alto da agenda britânica do Papa Bento XVI é a beatificação do cardeal inglês John Henry Newman, marcada para este domingo. O cardeal é, segundo o Vaticano, um dos grandes intelectuais cristãos do século XIX e também um dos mais famosos convertidos procedentes do anglicismo. Newman será beatificado numa missa prevista em Birmingham, no centro da Inglaterra.
(Com AFP)