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Panama Papers: Contraste Vergonhoso

O vazamento de 11,5 milhões de documentos de um escritório de advocacia no Panamá revela o vínculo de autoridades de mais de cinquenta países com empresas abertas em paraísos fiscais — e expõe quanto a sucessão de escândalos anestesiou os brasileiros para a conduta imoral de seus políticos

Por Da Redação 8 abr 2016, 21h36

O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) completa 200 dias impune no próximo domingo, 17. A contagem é feita a partir da data da confirmação, pelas autoridades da Suíça, de que ele tinha nada menos que quatro contas secretas naquele país. Quanta diferença para a queda fulminante de Sigmundur Gunnlaugsson, primeiro-ministro da Islândia, na semana passada. Os islandeses descobriram, por meio da imprensa, que o seu chefe de governo era dono de uma empresa nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal no Caribe. Milhares de pessoas foram às ruas exigindo sua renúncia, o que acabou ocorrendo apenas dois dias depois da revelação.

Antes de sucumbir, Gunnlaugsson se atrapalhou nas explicações. Primeiro, negou ter relação com a tal empresa. Depois, disse que não fez nada de errado e que havia transferido a companhia para a mulher antes de entrar para a vida pública. De fato, ainda não surgiram indícios de que a offshore do premiê está relacionada a atividades ilícitas. O problema de Gunnlaugsson não é com a lei. É de ordem moral. Sua carreira desmoronou pelo simples fato de ele não ter sido transparente ao lidar com a revelação, que é parte do maior vazamento de documentos da história: 11,5 milhões de arquivos surrupiados do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca, especializado em abrir empresas offshore em diversas partes do planeta, e repassados ao jornal alemão Süddeutsche Zeitung. Diante da enormidade de dados – os papéis do Panamá já revelaram conexões empresariais e contas no exterior de 140 autoridades de mais de cinquenta países -, o diário com sede em Munique compartilhou os arquivos digitais com 370 repórteres de 76 países sob a coordenação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ). Durante mais de seis meses, eles esquadrinharam os documentos e descobriram desde simples manobras legais para evitar o pagamento de impostos, como fez o rei saudita, até informações que confirmam investigações sobre ocultação de patrimônio e outros crimes em curso em diferentes países.

Pois o mesmo vazamento que derrubou o premiê islandês também resvalou em Cunha, o inatingível. Por enquanto, ele é o único político brasileiro na ativa mencionado no escândalo. Os documentos da Mossack Fonseca reforçam a suspeita, surgida no âmbito da Operação Lava-Jato, de que Cunha recebeu propina para a liberação de recursos públicos para uma obra.

Com reportagem de Paula Pauli

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